‘Não hesitaremos em lançar um ataque nuclear’, afirma líder norte-coreano

Kim Jong-un usou tom agressivo em discurso feito a seus soldados durante lançamento de um míssil capaz de atingir os EUA

Kim Jong-un voltou a ameaçar usar o arsenal nuclear da Coreia do Norte contra o Ocidente, particularmente contra os EUA, caso se sinta acuado. O mais recente discurso agressivo do líder comunista foi feito perante seus soldados na terça-feira (19), durante o lançamento de mais um míssil balístico de teste pelas Forças Armadas do país.

“Não hesitaremos em lançar um ataque nuclear se formos provocados por armas nucleares dos nossos inimigos”, disse Kim aos militares, segundo a rede Radio Free Asia (RFA)

No mesmo discurso, ele classificou como “jogada ousada” o lançamento do míssil balístico de teste Hwasong-18, que voou uma distância de cerca de mil quilômetros e atingiu uma altitude de 6,5 mil quilômetros antes de cair no mar. Os sistemas do armamento são supostamente capazes de alcançar a maioria dos pontos da Terra, permitindo assim um ataque direto aos EUA.

Kim Jong-un durante parada militar em fevereiro de 2023 (Foto: WikiCommons)

De acordo com Khaled Khiari, secretário-geral adjunto da ONU (Organização das Nações Unidas) para Oriente Médio, Ásia e Pacífico, este foi o quinto lançamento de um artefato do gênero neste ano, após os testes com um Hwasong-15 em fevereiro, um Hwasong-17 em março e outros mísseis de combustível sólido Hwasong-18 em abril e julho.

Apesar da fala ameaçadora, Kim afirmou que a Coreia do Norte age para se defender, classificando os testes de mísseis como “demonstração clara da estratégia de resposta assertiva da nossa nação para retaliar sem hesitação com um ataque nuclear se provocada por armas nucleares, e uma explicação explícita da evolução da nossa estratégia e doutrina nuclear.”

Quem também falou após o lançamento do míssil foi Kim Yo-jong, irmã do líder comunista e apontada como principal candidata a eventualmente sucedê-lo no futuro. O alvo dela não foi apenas Washington, mas também Seul e a ONU (Organização das Nações Unidas), após o Conselho de Segurança debater a questão norte-coreana.

Na ocasião, o secretário-geral António Guterres condenou o lançamento e instou Pyongyang a cumprir as as resoluções do Conselho de Segurança. Também reiterou o apelo ao país “para reabrir os canais de comunicação e retomar o diálogo sem condições prévias para alcançar a paz sustentável e a desnuclearização completa e verificável da Península Coreana.”

Kim Yo-jong, então, reagiu, dizendo que as Nações Unidas se concentram “apenas em condenar as nossas ações de autodefesa, ao mesmo tempo que negligenciam as provocações verbais e ativas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, que provocaram diretamente a nossa resposta.”

As manifestações norte-coreanas surgem enquanto os EUA, a Coreia do Sul e o Japão realizavam um exercício militar aéreo na costa da Península Coreana na quarta-feira (20), o que irritou Pyongyang, que costuma classificar movimentações semelhantes como “preparações para uma invasão.” As manobras foram justamente uma resposta ao lançamento do míssil pelo regime comunista.

Tags: