Um ataque a bomba matou ao menos 23 policiais e deixou 34 feridos na manhã desta terça-feira (12), pelo horário local, na cidade de Daraban, província de Khyber Pakhtunkhwa, no noroeste do Paquistão. As informações são da agência Al Jazeera.
Um terrorista suicida conseguiu penetrar com um carro-bomba em uma delegacia de polícia e lá dentro ativou os explosivos. Parte do prédio desabou com o impacto da explosão, e uma longa e violenta troca de tiros se sucedeu.
“As explosões resultantes levaram ao colapso do edifício, causando múltiplas baixas”, disse o serviço de mídia das Forças Armadas do Paquistão ISPR, acrescentando que “estão sendo realizadas operações de limpeza para eliminar qualquer outro terrorista presente na área.”
A ação foi reivindicada por um novo grupo extremista ativo no país, o Tehrik-e-Jihad Pakistan (TJP). De acordo com as autoridades de segurança paquistanesas, trata-se de uma ramificação do Tehrik-e Taliban Pakistan (TTP), popularmente conhecido como Taleban do Paquistão, que representa o principal desafio de segurança para Islamabad ultimamente.
Sarfraz Bugti, ministro do Interior do Paquistão, classificou o ato desta terça como “terrorismo” e afirmou que uma grande operação de segurança foi iniciada para perseguir os envolvidos.
O número de vítimas torna este um dos ataques mais mortíferos registrados no país nos últimos meses. O mais severo ocorreu em janeiro, quando 101 pessoas morreram na ação de um homem-bomba em uma mesquita de Peshawar. Mais tarde, em agosto, 54 pessoas morreram em um ataque do Estado Islâmico-Khorasan (EI-K) a um comício eleitoral.
Conivência do Taleban
A província de Khyber Pakhtunkhwa, onde ocorreu o atentado desta terça, fica perto da fronteira com o Afeganistão e é um tradicional reduto do TTP. Suspeita-se, inclusive, que muitos dos membros da facção venham se escondendo no território afegão, onde contariam com a conivência do Taleban local.
Em meados de novembro, o primeiro-ministro paquistanês em exercício, Anwar ul-Haq Kakar, chegou a enviar ao Taleban afegão uma lista com os nomes de supostos membros do TTP que estariam vivendo no Afeganistão. Ele pediu que fossem detidos e enviados de volta ao Paquistão, mas foi ignorado.
Se a relação entre Islamabad e Cabul hoje é tensa, o cenário já foi bem diferente. O governo do Paquistão chegou a aproveitar sua proximidade com os talibãs do Afeganistão para conduzir negociações que incluíam o TTP, entra elas dois acordos de cessar-fogo.
Os extremistas, entretanto, acusaram Islamabad de não cumprir as promessas dos acordos, entre elas a libertação de prisioneiros e a formação de um comitê de negociações, e por isso retomaram os ataques no país.