A China vem redobrando sua aposta na propaganda estatal e no controle rigoroso da opinião pública. Em recente discurso na Conferência Nacional de Ministros da Propaganda, Cai Qi, integrante do poderoso Comitê Permanente do Politburo, reforçou a necessidade de “cultivar a opinião pública dominante” e garantir que a mídia “forje almas” em favor do Partido Comunista Chinês (PCC). A meta é alinhar a narrativa doméstica aos interesses do governo e expandir sua influência no exterior, relatou a rede Radio Free Asia (RFA).
Cai destacou a importância de divulgar notícias econômicas positivas e de fortalecer um sistema de comunicação internacional que projete as ideias de Beijing globalmente. As declarações sinalizam uma resposta direta aos crescentes desafios internos, como desaceleração econômica e descontentamento social, e reafirmam uma política de controle da mídia que remonta ao Massacre na Praça da Paz Celestial, em 1989.
Sob o comando de Xi Jinping, o partido consolidou um aparato robusto para moldar a percepção pública. “Todas as reportagens devem aderir à orientação correta”, declarou Xi em 2016, reforçando que as decisões sobre o que e como reportar devem considerar o impacto sobre a estabilidade social e os interesses do partido.
O controle não se limita à mídia tradicional. Com o avanço da internet, Beijing investiu em uma força digital massiva, incluindo comentaristas pagos e voluntários nacionalistas, para influenciar discussões online. Além disso, plataformas digitais são obrigadas a monitorar e remover conteúdos considerados críticos ao governo.
A estratégia também inclui a educação patriótica de crianças e jovens, garantindo que valores alinhados ao partido sejam inculcados desde cedo. Mesmo assim, muitos cidadãos continuam buscando informações alternativas em redes sociais e sites bloqueados pelo governo, utilizando ferramentas para driblar a censura.
Xi, entretanto, já deixou claro que a liberdade de informação não faz parte de seu projeto de governo. “Quando uma notícia aparece no jornal, quanta atenção as massas darão? Que tipo de impacto isso terá nas pessoas? Terá um impacto negativo na estabilidade social e no desenvolvimento?”, questionou ele em 2016. “Essas devem ser as considerações primárias.”