A China iniciou uma nova campanha nacional de censura nas redes sociais voltada a influenciadores e criadores de conteúdo que publicam mensagens consideradas pessimistas ou negativas. A ação, conduzida pela agência reguladora da internet do país, a Administração do Ciberespaço da China (CAC), busca eliminar postagens que expressem descontentamento com o trabalho, o casamento ou a situação econômica do país. As informações são do The New York Times.
Segundo o órgão, a medida pretende conter conteúdos que “exageram sentimentos negativos e derrotistas”, incluindo expressões como “trabalhar duro é inútil”. A iniciativa faz parte de um esforço do governo chinês para controlar o humor público online, em meio ao aumento do desencanto entre os jovens e à desaceleração da economia.

Entre os alvos da repressão digital, estão blogueiros e influenciadores com milhões de seguidores, conhecidos por defender estilos de vida alternativos, como o movimento “tang ping”, de “deitar”, que prega uma rotina com menos trabalho e menos pressão. Nos últimos meses, diversas contas foram suspensas ou banidas de plataformas como Weibo e Douyin, versões chinesas do X e TikTok, respectivamente.
A emissora estatal CCTV afirmou que a internet “não é um depósito de negatividade” e que postagens pessimistas não devem ser amplificadas apenas para gerar engajamento. A orientação reflete a tentativa do governo de reforçar a “positividade” em meio à crise de confiança econômica e ao aumento do desemprego entre os jovens, que atingiu níveis recordes em 2025.
Especialistas afirmam que o movimento vai além de uma simples moderação de conteúdo. Para analistas, como David Bandurski, diretor do China Media Project, a campanha mostra a preocupação do Partido Comunista Chinês (PCC) com a disseminação do mal-estar social, que poderia se transformar em críticas políticas mais amplas.
Além de influenciadores individuais, o governo também tem responsabilizado plataformas de mídia social chinesas, exigindo a remoção de postagens que usem casos isolados para apontar falhas estruturais do país. O Diário do Povo, jornal oficial do PCC, afirmou que “o sinal de alerta soou e todos devem agir de acordo”.
A campanha ocorre em um momento de tensões com os Estados Unidos e incertezas sobre o futuro econômico da China. Apesar das tentativas do governo de promover o otimismo digital, analistas alertam que a repressão a vozes críticas pode acabar silenciando expressões legítimas de frustração e ansiedade social.