Starbucks entra na mira do governo chinês e tem imagem afetada após incidente com policiais

Funcionários pediram que oficiais saíssem da frente da loja porque a presença deles "afetaria a imagem da marca"

A gigante norte-americana de café Starbucks está enfrentando uma onda negativa de críticas nas redes sociais vinda de consumidores chineses depois de um mal-entendido em uma de suas lojas em Chongqing, no sudoeste da China. Supostamente, funcionários teriam expulsado policiais que comiam em frente ao estabelecimento, alegando que tal comportamento poderia “afetar a imagem da marca”. O incidente também não pegou bem com o governo chinês. As informações são da agência Reuters.

A empresa foi alvo de investigação na segunda-feira (14) depois que um usuário da mídia social local Weibo relatou o incidente em post, descrevendo que vários agentes comiam do lado de fora quando foram instruídos pela equipe da loja a se afastarem. O post viralizou rapidamente, com muitos usuários da rede sugerindo um boicote – a empresa tem aproximadamente 5,4 mil lojas espalhadas na China.

O episódio chegou ao conhecimento do Partido Comunista Chinês (PCC). O jornal oficial da sigla, o People’s Daily, emitiu uma nota sobre o assunto, endereçando um recado ríspido à Starbucks: “Por favor, leve de volta sua arrogância”.

Fachada da cafeteria na cidade de Chongqing, onde ocorreu o incidente (Foto: Twitter/Reprodução)

A Starbucks também usou sua conta no Weibo para pedir desculpas pelo incidente, chamando o episódio de “mal-entendido” com base em “comunicações inadequadas”. A empresa garantiu que os policiais não foram solicitados a deixar as instalações.

Não é a primeira vez que a marca se envolve em polêmicas no país. Em dezembro, a empresa se desculpou e realizou inspeções em todas suas lojas em território chinês após um jornal estatal denunciar que dois dos seus pontos de venda utilizavam ingredientes vencidos nos produtos.

Apesar da retratação, os ataques continuaram nesta terça (15). Algumas pequenas empresas usaram o TikTok para promover uma campanha de boicote à Starbucks, proibindo os funcionários de organizarem reuniões ou de comprarem bebidas na cadeia de lojas do café.

O comentarista político Hu Xijin, que tem no currículo o cargo de ex-editor-chefe do jornal Global Times, que também é um veículo estatal, aconselhou os haters nas redes sociais a olharem para o inconveniente em Chongqing “como um acidente e nada mais”, acrescentando que a Starbucks não deveria ser sujeita a mais críticas só pelo fato de ser uma marca estrangeira.

“A China é um país aberto ao mundo. Rotular um erro como arrogância não é propício a um ambiente maior de abertura”, ponderou o jornalista.

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