Taiwan reforça proximidade com os EUA e diz que a China quer ‘emular o Taleban’

Ministro fala em "democracia e liberdade do comunismo, autoritarismo e crimes contra a humanidade" em referência a Beijing

A vitória do Taleban sobre o governo do Afeganistão gerou comparações dentro da relação entre Taiwan e China. Entre muitos taiwaneses existe o temor de que o exército chinês adote uma estratégia semelhante à dos talibãs e assuma o controle da ilha. As informações são da agência Reuters.

Quem entrou no debate foi o ministro das Relações exteriores de Taiwan, Joseph Wu. Ele foi ao Twitter agradecer ao Departamento de Estado dos EUA, que tem frequentemente contestado a pressão imposta por Beijing à ilha, tida pela China como parte de seu território.

“Obrigado por defender os desejos e melhores interesses do povo de #Taiwan. Eles incluem democracia e liberdade do comunismo, autoritarismo e crimes contra a humanidade. #China sonha em emular o #Taliban, mas deixe-me ser franco: nós temos a vontade e os meios para nos defender”, diz o texto, assinado com as iniciais JW de Joseph Wu.

No final de junho, a China reagiu com aspereza à possibilidade de um acordo de livre comércio debatido entre EUA e Taiwan. Beijing se opõe a qualquer aproximação entre os dois países, que discutiram interesses mútuos em reunião do conselho do Tifa (Acordo-Quadro de Comércio e Investimento, da sigla em inglês), por videoconferência.

“A China sempre se opôs a qualquer tentativa dos EUA de elevar as relações ou se envolver em interações oficiais com Taiwan de qualquer forma”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Zhao Lijian.

A época, o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan disse que a ilha continuará sua estreita relação econômica e comercial com os EUA, “explorando ainda mais a cooperação em áreas de interesse mútuo através de conversações no âmbito do Tifa”.

“Taiwan é uma das principais democracias, uma grande economia e um parceiro de segurança. Estamos comprometidos com a importância das relações comerciais e de investimento entre os EUA e Taiwan”, disse Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca, na segunda-feira.

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para os chineses, que não admitem que a ilha autônoma seja tratada como país independente. Relações exteriores do gênero, para Beijing, estão em desacordo com o princípio defendido de “Uma Só China“, que trata também Hong Kong como território chinês.

Diante da aproximação do governo taiwanês com os Estados Unidos, a China endureceu sua retórica contra as reivindicações de independência da ilha autônoma no ano passado, e as tensões geopolíticas escalam com rapidez na região.

Ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu (Foto: twitter.com/MOFA_Taiwan)

Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan, enquanto Beijing deixou claro que não aceitará a independência do território “sem uma guerra”.

Enquanto isso, China e EUA disputam o duelo comercial, financeiro e tecnológico que se acentuou por conta da pandemia.

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