Taiwan irá realizar três referendos que podem afetar laços com os EUA

Referendos decidirão sobre proibição de carne suína com ractopamina, usada nos EUA, e transferência de gás natural

A realização de três referendos em 28 de agosto pode afetar as relações entre Taiwan e os EUA, registrou a Reuters. A comissão eleitoral da ilha aprovou as votações nesta sexta (14).

Duas questões são mais controversas. A primeira é se o território deve proibir a carne suína com a substância ractopamina, um aditivo que reduz a gordura na carne e é proibido na UE (União Europeia) e na China, mas amplamente usado nos EUA.

O governo taiwanês aprovou o uso no ano passado, apesar das objeções sobre segurança. Desde então, as principais empresas alimentícias de Taiwan se comprometeram a não vender ou importar carne suína com ractopamina.

Taiwan aprova realização de três referendos que podem afetar laços com Washington
Cidadãos de Taiwan aguardam em fila para votação, Taipé, dezembro de 2006 (Foto: Divulgação/Flickr/Richy)

A segunda questão diz respeito à mudança do local de um novo terminal de gás natural para proteger o ambiente marítimo. O referendo questiona se deve realocar ou não a estrutura de um local que afeta um recife de algas ao norte do território.

A votação também questionará a realização dos referendos no mesmo dia das eleições gerais de Taiwan. A mudança contribuiria para um maior comparecimento, diz o governo. No último referendo, em 2018, apenas 25% dos 19 milhões de eleitores votaram.

À época, a maioria rejeitou o casamento entre homossexuais. Ainda assim, a Suprema Corte de Taiwan decidiu, mais tarde, que pessoas do mesmo sexo tinham o direito legal de se casar.

Os eleitores ainda devem votar uma última pauta em 28 de agosto, conforme prerrogativa aprovada anteriormente. O governo questiona se deve continuar construindo uma quarta usina nuclear paralisada. Taipé já deixou claro que busca descontinuar a energia nuclear na ilha.

Taiwan e EUA

A crescente disputa com Beijing, que defende Taiwan como parte inseparável de seu território, fez com que os EUA se voltassem a Taipé com maior evidência a partir do governo de Donald Trump, em 2018, apontou o think tank Council of Foreign Relations.

Sob o republicano, Washington aprofundou os laços com a ilha, apesar das objeções chinesas, e vendeu mais de US$ 18 bilhões em armas aos militares do território. Até o início de 2021, o ex-presidente enviou vários altos funcionários para Taipé e eliminou as restrições que regiam as relações com os taiwaneses.

Desde então, EUA e Taiwan buscam um acordo de livre-comércio – medida que parece ter sido adotada após a posse de Joe Biden. O democrata defende que funcionários de Washington se encontrem com o governo da ilha asiática e alimenta as tratativas para concluir as negociações.

A aproximação não serve como uma mera provocação à China: os EUA ganham em ter Taiwan como aliado, uma vez que dependem do território para a produção de chips semicondutores – um material essencial a eletrônicos e automóveis e atualmente escasso devido à pandemia.

As empresas taiwanesas produziram mais de 60% da receita gerada por todos os fabricantes mundiais de semicondutores em 2020.

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