O grupo extremista Tehrik-e Taliban Pakistan (TTP), popularmente conhecido como Taleban do Paquistão, reivindicou a autoria de um ataque que matou um oficial da polícia paquistanesa e deixou duas pessoas feridas. A ação ocorreu na segunda-feira (17) em Islamabad, onde episódios do gênero são bastante incomuns, de acordo com a rede Voice of America (VOA).
De acordo com a polícia local, dois homens armados em uma motocicleta abriram fogo contra um posto de segurança perto de um dos movimentados mercados da cidade. “O tiroteio de terroristas martirizou um policial, enquanto outros dois ficaram feridos”, disse um comunicado da polícia.
Já o ministro do Interior, Sheikh Rashid Ahmed, classificou a ação como um ato terrorista, destacando o fato de que ações do tipo são raras na capital paquistanesa. “Recebemos uma espécie de sinal de que incidentes terroristas começaram a acontecer em Islamabad”, disse ele.
Por que isso importa?
Embora sigam os mesmos preceitos fundamentalistas e sejam ambos grupos sunitas, o Taleban afegão e o homônimo paquistanês são entidades separadas. Entretanto, o governo do Paquistão aproveitou sua proximidade com os talibãs afegãos e os teve como intermediários nas negociações de um cessar-fogo com o TTP em novembro de 2021. À época, o ministro paquistanês da Informação, Fawad Chaudhry, confirmou que a influência dos novos governantes do Afeganistão foi decisiva para que o acerto fosse possível.
A trégua, porém, foi interrompida no dia 10 de dezembro, exatamente um mês após ter sido iniciada. Os extremistas acusaram Islamabad de não cumprir as promessas feitas antes do acordo, entre elas a libertação de prisioneiros e a formação de um comitê de negociações. Desde então, os ataques terroristas empreendidos pelo TTP aumentaram no Paquistão.
Nos EUA, são comuns as acusações de que o governo paquistanês não apenas dialoga com os talibãs afegãos, mas também os apoia e dá suporte. Segundo especialistas, o ISI, serviço de inteligência paquistanês, também apoiou grupos militantes na região da Caxemira, disputada entre Paquistão e Índia, entre os quais estão entidades que hoje figuram na lista de organizações terroristas do Departamento de Estado norte-americano.
O próprio TTP figura na relação de organizações terroristas globais da ONU (Organização das Nações Unidas) e dos Estados Unidos. Segundo o Paquistão, muitos combatentes do grupo vivem no Afeganistão, de onde planejam os ataques terroristas transfronteiriços.