Tibetanos são expulsos de suas terras na China para a construção de uma barragem

Os afetados pela medida alegam que as terras confiscadas servem a atividades agrícolas de subsistência e são, por isso, essenciais

Autoridades chinesas emitiram uma ordem para que os tibetanos residentes no condado de Rebgong, na província de Qinghaino, no oeste do país, desocupassem suas terras. De acordo com dois tibetanos com conhecimento da situação, essa medida foi tomada visando a construção de uma barragem hidrelétrica, o que obrigou essas pessoas a deixarem para trás as terras agrícolas fundamentais para sua subsistência. As informações são da rede Radio Free Asia.

Um tibetano exilado, que anteriormente residia em Rebgong, informou que as autoridades da vila de Lingya, localizada aproximadamente a uma hora do condado, emitiram a ordem na terça-feira da semana passada (23). A determinação exigia que sete vilarejos da região se mudassem para que o governo chinês pudesse dar início à primeira fase da construção, apenas dez dias após a data de emissão do aviso.

Outra fonte, que falou sob condição de anonimato, afirmou que as terras que estão sendo confiscadas pelo governo chinês são, de fato, terras agrícolas essenciais para os tibetanos que lá vivem. Além disso, segundo detalhou, autoridades advertiram os locais para “não expressarem qualquer forma de desaprovação”.

Criança tibetana na província de Qinghaino (Foto: tsemdo.thar/Flickr)

As autoridades chinesas, que exercem um controle rigoroso sobre os residentes da Região Autônoma do Tibete e das regiões habitadas por tibetanos no oeste da China, têm imposto restrições às atividades políticas e à expressão pacífica da identidade cultural e religiosa dos tibetanos. Esse contexto histórico de controle governamental sobre a população tibetana adiciona uma camada de complexidade à situação atual de desocupação forçada de terras agrícolas.

Os projetos de infraestrutura e desenvolvimento liderados pela China nessas regiões têm gerado frequentes conflitos com os tibetanos. Essa população acusa empresas chinesas e autoridades locais de apropriação indevida de terras e de perturbação da vida das comunidades locais. Esses impasses muitas vezes resultam em repressão violenta, prisões de organizadores de protestos e uma pressão intensa sobre os habitantes locais para que atendam aos interesses de Beijing.

A fonte também informou que as autoridades locais estão encarregadas de cumprir todos os requisitos essenciais, incluindo a verificação dos documentos de posse da terra, realização de medições e assegurar que os moradores deixem a área dentro de 10 dias a partir da data do aviso.

De acordo com outro tibetano exilado, as autoridades estão confiscando terras sem discutir a compensação para os moradores que são forçados a se mudar.

Ele relatou que um aviso emitido pelas autoridades chinesas sobre a apropriação de terras mencionava que aqueles que ocupam áreas que precisam ser desocupadas para a construção de barragens devem estar preparados para sair e não devem iniciar nenhuma nova construção na região. O tibetano também afirmou que, “se as pessoas não o cumprirem, não serão compensadas.”

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