Tibetana é presa por enviar mensagens e fotos a pessoas fora da Região Autônoma

Repressão das autoridades chinesas foi intensificada a poucos dias do feriado que celebra o levante de 1959 contra Beijing

Uma mulher foi presa no Tibete na última quinta-feira (2) por entrar em contato com tibetanos de fora da Região Autônoma. O episódio ocorre às vésperas do aniversário da Revolta Nacional Tibetana, celebrado na sexta-feira (10), um período considerado sensível pelas autoridades chinesas na região e marcado por aumento na repressão em meio às marchas, memoriais e vigílias. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA). 

A tibetana de 23 anos, identificada como Yangtso, foi levada sob custódia após a polícia do condado de Namling vasculhar o celular dela e constatar que ela havia contatado e enviado fotos para pessoas fora da região, conhecida como “Telhado do Mundo”.  

Ela está detida na delegacia de polícia local, relatou à reportagem um tibetano que vive no exílio e falou sob condição de anonimato. “Os membros da família de Yangtso não têm contato com ela no momento”, contou a fonte. 

Tibetanos e apoiadores protestam contra a China pelos prisioneiros políticos durante celebração ao Dia da Revolta Nacional Tibetana em Nova York no ano de 2011 (Foto: WikiCommons)

A ocupação chinesa em uma das regiões mais fechadas e politicamente sensíveis do país começou em 1950, quando as tropas do ELP (Exército de Libertação Popular) invadiram o Tibete e assumiram o controle em um episódio que se convencionou chamar de “libertação pacífica”. Na ocasião histórica, a artilharia esmagou a resistência tibetana, executou os guardas do líder espiritual e destruiu mosteiros de Lhasa.

Diante do cenário de destruição, o Dalai Lama fugiu para o exílio na Índia em 1959, após o fracasso na revolta contra o domínio chinês. Dali em diante, ocorreu uma violenta repressão aos movimentos de independência do Tibete. Os tibetanos acusam as autoridades chinesas de violar direitos humanos e tentar apagar sua identidade religiosa, linguística e cultural.

Exemplo disso é que Beijing classifica Tenzin Gyatso, o atual Dalai Lama em exílio na Índia, como um “separatista perigoso”. No lugar dele, foi reconhecido o atual Panchen Lama, instituído pelo PCC (Partido Comunista Chinês) como a mais alta figura religiosa do Tibete.

“À medida que o aniversário de 10 de março se aproxima, há um escrutínio de alerta máximo e interrogatórios aleatórios em toda Lhasa e Shigatse”, disse o tibetano que vive no exílio. “Todos devem levar suas carteiras de identidade e a polícia está verificando os telefones celulares”.

A poucos dias do feriado, as autoridades alertaram sobre a realização de eventos que possam colocar em risco a segurança nacional e disseram que tomariam medidas imediatas contra eles.

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