Apesar do atraso de seis meses, a China autorizou a entrada de agentes da OMS (Organização Mundial da Saúde) no país para esta quinta-feira (14), confirmou a Reuters.
A equipe de dez especialistas está encarregada de investigar a possível origem da transmissão da Covid-19 para humanos. A negociação para iniciar o estudo já se prolonga desde julho.
O Ministério das Relações Exteriores chinês classificou a demora como um “mal entendido” e não detalhou o itinerário da equipe. A visita ocorre em meio ao registro de 103 novos casos no domingo (10).
Os números vêm da província de Hebei, próxima a Beijing, e representam o o maior volume de contágios diários da China em mais de cinco meses. A capital de Hebei, Shijiazhuang, está bloqueada e diversas rodovias foram interditadas para barrar a disseminação do vírus.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, cumprimentou a China após a autorização para a viagem. Segundo ele, o estudo começará em Wuhan, onde foram registrados os primeiros casos em 1º de janeiro de 2020.
“Esperamos trabalhar com nossos colegas chineses nesta missão para identificar a fonte do vírus e sua rota de introdução à população humana”, escreveu Tedros no Twitter.
Origem incerta
Apesar de Beijing defender que a Covid-19 surgiu em “diversas regiões”, a OMS já afirmou que deve permanecer o tempo necessário para verificar os precedentes do vírus que paralisou o mundo em 2020.
A entidade já informou que o objetivo não é averiguar as alegações de que o vírus teve origem em um laboratório chinês – já rejeitadas por cientistas do todo o mundo. As acusações aumentaram os índices de xenofobia contra chineses e alimentam as tensões geopolíticas entre Beijing e Washington.
O presidente norte-americano, Donald Trump, defende que a China “desenvolveu o vírus” e suspendeu as verbas dos EUA à OMS em abril ao alegar “falta de independência” do órgão.
“Estamos procurando as respostas aqui que podem nos salvar no futuro e não culpados”, disse o chefe de emergência da agência, Mike Ryan. “Estamos dispostos a ir a qualquer lugar para descobrir mais sobre o vírus”.
Em entrevista à Reuters, um especialista afiliado à OMS não identificado afirmou que as expectativas da equipe são “muito baixas”. “Não esperamos voltar da China com uma conclusão das origens do vírus”.