China rechaça alegação do FBI de que vazamento em Wuhan originou a pandemia

OMS já contestou a versão, e Washington admite que não existe um consenso entre as agências do governo

Christopher Wray, diretor do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, disse na terça-feira (28) que um vazamento de um laboratório na cidade de Wuhan, na China, provavelmente originou a pandemia de Covid-19. Beijing rebateu a alegação, dizendo não existir “nenhuma credibilidade” nela. As informações são da agência Reuters.

“O FBI há algum tempo avalia que as origens da pandemia são provavelmente um possível incidente de laboratório”, disse Wray em entrevista à rede Fox News.

Esta foi a primeira declaração pública da investigação confidencial do FBI sobre o avanço do coronavírus pelo mundo. A Casa Branca disse que não há uma concordância no governo dos EUA sobre as origens. Quatro agências governamentais, juntamente com um painel nacional de inteligência, sustentam que a pandemia possivelmente surgiu de uma transmissão natural. Outras duas estão indecisas.

Instituto de Virologia de Wuhan, hipotético marco-zero da pandemia (Foto: Wikimedia Commons)

Em resposta aos comentários de Wray, Beijing acusou Washington nesta quarta-feira (1º) de “manipulação política”.

“As conclusões a que chegaram não têm credibilidade para falar”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning.

Na segunda-feira (27), o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que o presidente dos EUA, Joe Biden, apoia “um esforço de todo o governo” para descobrir como a Covid-19 começou.

“Ainda não chegamos a um consenso”, disse ele. “Se tivermos algo pronto para ser informado ao povo americano e ao Congresso, faremos isso”, afirmou Kirby.

Já o chefe do FBI disse que não poderia compartilhar muitos detalhes da avaliação da agência, já que os dados são “confidenciais”. Ele acusou a China de “fazer o possível para tentar frustrar e ofuscar” os esforços de Washington e de outros países para elucidar as origens da pandemia, que tirou a vida de 6,87 milhões de pessoas no mundo, segundo a Our World In Data, projeto focado em analisar cientificamente grandes problemas que a humanidade enfrenta.

Em fevereiro de 2021, a OMS (Organização Mundial da Saúde) descartou qualquer possibilidade de a Covid-19 ter sido criada ou vazada de um laboratório. “Extremamente improvável”, disse a entidade.

Conforme o líder da equipe de pesquisadores da China, Wannian Liang, é provável que o vírus tenha tido duas fases de desenvolvimento. A primeira aponta a circulação viral entre hospedeiros animais. A segunda fase envolve a evolução do vírus entre os humanos.

O primeiro surto da doença foi ligado ao Huanan, um mercado de frutos do mar e vida selvagem em Wuhan, onde animais são mantidos vivos, criando um potencial cenário de transmissão do vírus para seres humanos. 

Em janeiro, ao completar três anos do avanço global da Covid-19, Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, disse que a pandemia está “provavelmente em um ponto de transição”.

Ele acrescentou que há razões para acreditar que a situação vai melhorar neste ano. Foram administradas até agora 13,1 bilhões de doses de vacinas em todo o mundo, e cerca de 90% da população global tem algum tipo de imunidade. A OMS alerta que a doença não vai desaparecer, mas o combate a ela tende a ser mais eficaz.

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