Aproximadamente 90% da população da terceira província mais populosa da China foi infectada pelo coronavírus, disseram autoridades de saúde locais. O país vem combatendo um aumento sem precedentes de casos desde que a radical política Zero Covid foi descontinuada em dezembro. As informações são da rede BBC.
De acordo com Kan Quancheng, diretor da comissão de saúde de Henan, na última sexta-feira (6), “a taxa de infecção por Covid-19 na província era de 89%”. Como a população local chega a 99,4 milhões, os números sugerem que pelo menos 88,5 milhões de pessoas podem ter sido infectadas.
Ele relatou que as visitas às salas de consulta para pacientes com febre em Henan atingiram o pico em 19 de dezembro. Depois, verificou-se “uma tendência contínua de queda”. Os números na província têm grande contraste com os dados da Covid emitidos pelo governo central.
Medidas de combate à Covid-19 em Xangai, na China (Foto: Xiangkun ZHU/Unsplash)
Segundo a estatística oficial de Beijing, apenas 120 mil pessoas no país de 1,4 bilhão foram infectadas e 30 foram a óbito desde o fim das políticas sanitárias que geravam grande insatisfação popular. Para se ter ideia, no último domingo (8), somente três mortes foram relatadas na China continental, uma a mais que no sábado (7).
A abertura das fronteiras da China no domingo foi um dos últimos passos no fim dos bloqueios nacionais de Covid Zero no país, que começou no mês passado após protestos históricos desencadeados pela proibição de sair de casa, obrigação de testes em massa e, principalmente, após um incêndio em Xinjiang, no noroeste do país, que matou dez pessoas em meio ao lockdown.
Com a estatística oficial de mortes em queda e o fim da obrigatoriedade de testes em massa, os dados do governo não refletem mais a verdadeira escala do surto. E, nesse cenário de reabertura, há expectativa de que os casos deem um salto no final deste mês, conforme o país celebra o Ano Novo Lunar. Isso porque milhões de pessoas devem viajar das grandes cidades para visitar parentes mais idosos e consequentemente mais vulneráveis no interior.
Na primeira onda de viagens pré-feriado, dados oficiais mostraram que 34,7 milhões de pessoas viajaram pelo país no sábado. O número representa aumento de mais de um terço em relação ao mesmo período em 2022, segundo detalhou a mídia estatal.
No domingo, Beijing também suspendeu a quarentena obrigatória para todas as chegadas internacionais e abriu sua fronteira com Hong Kong.
Para especialistas em saúde, a nova realidade pode fazer com que até 90% da população chinesa seja contaminada pelo coronavírus. Segundo Anthony Fauc, consultor médico da Casa Branca, a situação tende a afetar também os demais países, com o risco de que novas variantes da Covid surjam na China e posteriormente se espalhem.