Uma em cada 33 pessoas precisará de ajuda para sobreviver em 2021, diz ONU

Graças à pandemia, demanda por socorro humanitário deve disparar em cerca de 40%, segundo estimativa

A pandemia da Covid-19 elevou o número de pessoas que dependem de ajuda humanitária em todo o mundo, aponta o último relatório da ONU (Organização das Nações Unidas), lançado nesta terça (1).

Um estudo indica que uma a cada 33 pessoas precisará de algum tipo de ajuda para atender às necessidades básicas a partir do próximo ano. O aumento é de 40% em relação ao esperado para 2020.

Ao todo, 235 milhões de pessoas carecem de auxílio de alimentação, água e saneamento para viver. A maior concentração de necessitados está na Síria, Iêmen, Afeganistão, República Democrática do Congo e Etiópia.

O Ocha (Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, em inglês) espera atingir até 160 milhões de pessoas.

Pandemia fará crescer pobreza e demanda humanitária em 2021, diz ONU
Trabalhadores transportam caixas de alimentos para as populações mais pobres de Bangladesh em maio de 2020 (Foto: Unicef/Habibul Haque)

“A crise está longe de acabar”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres. Segundo ele, a queda drástica nos orçamentos de ajuda humanitária pioram a situação.

“As pessoas que já vivem no fio da navalha são atingidas de forma desproporcional pelo aumento dos preços dos alimentos, queda de renda, interrupção de programas de saúde e fechamento de escolas“.

Maior pessimismo desde a década de 1990

De acordo com o chefe da Ocha, Mark Lowcock, a pobreza extrema deve aumentar pela primeira vez desde a década de 1990. Outras esferas, como a de saúde, também estão longe de serem otimistas.

“A expectativa de vida vai cair, o número anual de mortes por HIV, tuberculose e malária deve dobrar. Tememos quase o dobro do número de pessoas que passam fome”, disse ele à Al-Jazeera.

Os países mais afetados são os que já registravam alta vulnerabilidade antes da pandemia devido a conflitos e dificuldade de acesso da ajuda humanitária. Em 2020, entram na lista Moçambique, Paquistão e Zimbábue.

O maior problema, segundo ele, não é a Covid-19 em específico, mas a retração econômica causada pelo vírus. “Tudo isso atingiu as pessoas mais pobres nos países mais pobres de todos”, apontou. “Para essas pessoas, a ressaca da pandemia será longa e difícil”.

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