Rússia e China operam para minar confiança em vacinas ocidentais, diz UE

Relatório aponta que veículos estatais fomentaram uma campanha sistemática de desinformação entre dezembro e abril

Um relatório lançado pela UE (União Europeia) nesta quarta (28) aponta que Rússia e China trabalham para minar a confiança nas vacinas ocidentais contra a Covid-19. As campanhas são “sistemáticas” e visam “dividir o Ocidente”, concluiu o documento lançado pelo Seae (Serviço Europeu de Ação Externa).

Conforme o texto, os meios de comunicação estatais dos dois países divulgaram notícias falsas em vários sites ao redor do mundo entre dezembro e abril. O conteúdo apontava preocupações com a segurança das vacinas e ligava as doses às mortes na Europa. Enquanto isso, os anúncios promoviam as vacinas russa e chinesa como “superiores”.

“Tanto a Rússia quanto a China usam a mídia controlada pelo Estado, redes de veículos proxy e redes sociais, incluindo contas oficiais, para disseminar desinformação e manipular a confiança sobre as vacinas de fabricação ocidental”, pontuou o relatório.

Rússia e China operam para minar confiança em vacinas ocidentais, diz UE
Mulher recebe vacina Sputnik V em Moscou, Rússia, março de 2021 (Foto: FMI/Sergey Ponomarev)

Um exemplo é a ampliação dos supostos efeitos colaterais das vacinas Pfizer e AstraZeneca. Em março, relatos de que as doses teriam causado embolia pulmonar e trombose venosa em idosos recém-vacinados fizeram com que as vacinas fossem retiradas de circulação para nova testagem.

A formação de coágulos, porém, é de um caso em um milhão e pode ser corrigido com medicamentos. A OMS (Organização Mundial da Saúde) e EMA (Agência Europeia de Medicamentos) garantem que a fórmula é segura.

Os governos dos dois países negaram as alegações do documento da UE. “Um relatório que não tem base factual é um exemplo de desinformação”, disse o governo chinês nesta quinta (29), registrou a Reuters. O presidente Vladimir Putin acusou “inimigos estrangeiros” de alvejar a Rússia ao espalhar notícias falsas sobre o coronavírus.

Foco nos Bálcãs

O relatório aponta ainda que as estratégias de desinformação de Beijing e Moscou visam, em especial, os Bálcãs em um esforço para maximizar influência. O aumento de casos e a lentidão na imunização da região pavimenta o discurso chinês e russo de que há um “fracasso” na democracia das sociedades abertas.

Sérvia e Hungria, que é membro do bloco, passaram a administrar apenas vacinas da Rússia e China – ainda não aprovadas pela EMA. Apesar das críticas sobre a demora na entrega de vacinas, a UE diz que espera vacinar 70% dos adultos do continente até o final de setembro, segundo a emissora alemã Deutsche Welle.

O Seae produz relatórios regulares e trabalha com Google, Facebook, Twitter e Microsoft para limitar a propagação de notícias falsas.

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