Sites vinculados à inteligência da Rússia integram uma campanha para minar a confiança nas vacinas das farmacêuticas Pfizer e Moderna, disse um funcionário do Departamento de Estado dos EUA ao “The Wall Street Journal” no domingo (7).
Segundo o porta-voz, que não foi identificado, a campanha online dissemina desinformação questionando a segurança e o desenvolvimento das vacinas. Ao menos quatro websites teriam relação direta com a inteligência russa.
Um dos portais estaria sob o comando do SVR (Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia), enquanto outros contam com a execução do FSB (Serviço de Segurança Federal). Ambos os servidores estariam baseados na Crimeia, ocupada por Moscou em 2014.
As publicações enfatizam os efeitos colaterais das doses da Pfizer e questionam se as vacinas são eficazes ou foram “apressadas” por meio do processo de aprovação dos EUA. O objetivo seria promover a vacina russa, Sputnik V.
Embora a rede ainda seja pequena, agentes dos EUA afirmam que as narrativas falsas tendem a ser ampliadas por outras mídias internacionais e, sobretudo, na Rússia. Até agora, o maior público vem do Oriente Médio, Ásia e África.
“Os sites são todos de propriedade estrangeira, mas baseados nos EUA”, disse o funcionário. “Eles variam muito em seu alcance, tom e público – mas todos fazem parte do ecossistema de propaganda russa de desinformação”.
Sputnik V em evidência
A Rússia anunciou as doses da Sputnik V em agosto de 2020. Em fevereiro deste ano, a revista científica “Lancet” comprovou 91% de segurança na vacina russa após testes de grande porte.
Até o final do mês passado, porém, apenas 3% dos 144 milhões de habitantes da Rússia haviam recebido a imunização, informou a Associated Press. A Pfizer e a Moderna foram as primeiras vacinas autorizadas nos EUA, ainda em dezembro.
Questionado, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou as acusações. Segundo ele, Washington está “tentando culpar” a Rússia pelo debate internacional sobre os imunizantes contra a Covid-19.