Milhões de agricultores rurais paralisaram as atividades em greve geral nacional nesta quarta-feira (9), na Índia, após rejeitarem novas propostas de emendas do governo a três leis agrícolas, reportou a Reuters.
As regras, sancionadas em setembro, são alvos de protestos em todo o país desde julho. Segundo os produtores, o pacote de leis prejudica o avanço econômico da classe e beneficia grandes varejistas de alimentos.
Há diversos acampamentos de agricultores em toda a Índia. Na terça (8), um produtor de 32 anos morreu de hipotermia em uma barricada em Tikrit, nos arredores de Nova Délhi. O local reúne trabalhadores de Punjab, Haryana e Rajastão.
O caso só acentuou a contrariedade ao governo. “Por que estaríamos aqui se não tivéssemos algo pelo o que lutar? Acham que queremos morrer de frio na rua? O governo precisa repensar”, disse um produtor ao jornal “The Times of India”.
![Na Índia, agricultores rejeitam emendas a leis agrícolas e intensificam greve nacional](https://areferencia.com/wp-content/uploads/2020/12/eossydrxiaeodry.jpg)
Pelo menos dois mil agricultores estão acampados no local há mais de um mês. “Viemos preparados. Temos comida suficiente para ficar aqui por quatro meses. Dormimos nos tratores e não nos importamos com a falta de conforto”, relatou um dos líderes.
Milhares de agricultores já bloquearam rodovias e ferrovias. Analistas disseram à Al-Jazeera que os protestos estão se espalhando por todos os territórios indianos. Além dos 30 sindicatos que encabeçam as manifestações, outras 475 organizações já declararam apoio aos agricultores.
O que reivindicam os agricultores
De julho para cá, o governo da Índia realizou cinco rodadas de negociação para apresentar mudanças às leis aos líderes dos protestos. Em todas as reuniões, no entanto, os agricultores recusaram emendas e exigem a revogação das normas.
Os agricultores são contrários às reformas promulgadas em setembro, que afrouxam regras sobre a venda, fixação de preço e armazenamento de produtos agrícolas.
Segundo os trabalhadores, as leis abrem caminho para que as corporações indianas entrem no comércio agrícola e, assim, prejudiquem os pequenos agricultores de insumos como trigo e arroz.
O primeiro-ministro Narendra Modi defende as leis e se mantém firme na posição de não revogar os dispositivos. Segundo ele, as medidas aumentarão o investimento privado e a renda do setor agrícola, além de, segundo ele, “libertar” os agricultores “da tirania dos intermediários”.