A boa relação do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, com o governo de Donald Trump desde 2016 será alvo de reavaliação após a derrota do atual presidente para o democrata Joe Biden.
Em 2021, Modi também terá de lidar com a crise gerada pelos altos números de Covid-19, o impasse com a China na fronteira do Himalaia e a saída do RCEP (Parceria Econômica Regional Abrangente, em inglês). Todos esses são problemas que impõem a Nova Délhi maior vulnerabilidade a ameaças externas a partir de janeiro.
“A Índia foi um dos poucos países que se acostumou a trabalhar com Trump”, disse Amitendu Palit, pesquisador e ex-funcionário público indiano. “[O país] estava sobrevivendo em um mundo que desenvolvia ceticismo comercial”, apontou. “Se a visão dos EUA sobre o comércio mudar, Nova Délhi pode se acabar isolada”.
Segundo ele, a própria saída do RCEP teve influência de Trump, que deixou o acordo comercial da Parceria Transpacífica em 2017.
Ano difícil
O premiê indiano já parabenizou o democrata Joe Biden pela eleição, ao contrário de seu colega russo, Vladimir Putin. Mas a expectativa é a de que o novo chefe de Estado norte-americano deva restaurar uma política externa que pode gerar possível prejuízo à Índia, disseram analistas ao jornal “Financial Times”.
O governo de Modi terá de investir nos relacionamentos com os novos parceiros para reanimar a economia indiana em 2021. O país registrou queda no PIB (Produto Interno Bruto) de mais de 24% desde julho, empurrando a Índia para uma recessão sem precedentes.
Com a crise de saúde, em grande parte subnotificada, já são mais de nove milhões de casos confirmados de Covid-19. Até esta segunda-feira (23), mais de 135 mil indianos já haviam morrido em decorrência da enfermidade. O número é do levantamento da Universidade Johns Hopkins (EUA), com dados fornecidos pelos países.