Os partidos de oposição do Paquistão se organizam em protesto contra a forte influência do Exército no governo do país, informou o portal Deutsche Welle. Os opositores também pedem a renúncia do primeiro-ministro Imran Khan.
Em encontro no último domingo (20), a aliança Movimento Democrático do Paquistão estabeleceu a realização de comícios e protestos a partir de outubro.
“O Exército não está mais dentro do Estado, mas acima dele”, disse o ex-premiê Nawaz Sharif, em um pronunciamento para todas as emissoras de televisão paquistanesas. A fala de Sharif foi silenciada em alguns canais.
O Exército paquistanês domina a política local desde a independência do país, em 1947. A instituição esteve envolvida nos quatro golpes de Estado que ocorreram desde a formação do Paquistão moderno e é conhecida pela forte ingerência em assuntos de política externa.
Também é comum que militares se envolvam, muitas vezes sem consulta ao Executivo e ao Legislativo, em questões sobre a região da Caxemira. O local é disputado com a Índia desde a partilha do antigo Raj britânico, que também incluía o território de Bangladesh.
Ao vivo, Sharif apontou generais do Exército nomeados pelo governo que estariam envolvidos em corrupção. O ex-premiê ainda afirmou que os militares fraudaram as últimas eleições para eleger Khan.
“Nossa luta é contra aqueles que instalaram Imran Khan e que manipularam as eleições para trazer um homem incapaz como ele ao poder”, disse. Sharif está em Londres, na Inglaterra, em tratamento médico desde novembro de 2019.
Ainda que apoiado pelo Exército, as relações entre Khan e a classe militar esfriaram desde o início da pandemia no Paquistão.
A desavença também está relacionada à incapacidade do premiê em oferecer soluções para o impasse na Caxemira, uma pendência de décadas na fronteira com a Índia.
A falta de respostas ao recente reagrupamento do Taleban em algumas regiões do país, sobretudo próximas à fronteira com o Afeganistão, também desagradou os líderes militares.