O governo do Paquistão anunciou nesta quarta-feira (29) que as negociações de paz com o Taleban afegão terminaram sem acordo, após quatro dias de reuniões em Istambul mediadas por Catar e Turquia. Segundo o ministro da Informação, Attaullah Tarar, o diálogo “não conseguiu produzir nenhuma solução viável”, e a tensão entre os dois países pode evoluir para um conflito aberto. As informações são da Radio Free Europe.
“O lado afegão continuou desviando-se da questão central”, disse Tarar à emissora X. “Em vez de assumir qualquer responsabilidade, o Taleban recorreu a acusações mútuas, evasivas e artimanhas”.
As conversas tinham como objetivo conter a recente escalada de violência na fronteira entre os dois países, que deixou mais de 70 mortos e centenas de feridos no início de outubro, o pior episódio desde que os talibãs assumiram o poder em Cabul, em 2021. A onda de confrontos começou após explosões na capital afegã no dia 9, que as autoridades talibãs atribuíram ao Paquistão.
Paquistão acusa apoio do Taleban a militantes
O ministro da Informação afirmou que Islamabad participou das negociações “no espírito de paz”, mas acusou o governo afegão de manter “apoio inabalável aos terroristas anti-Paquistão”, em referência ao grupo Tehrik-e Taliban Pakistan (TTP), popularmente conhecido como Taleban do Paquistão.
“Continuaremos a tomar todas as medidas possíveis e necessárias para proteger o nosso povo da ameaça do terrorismo”, disse Tarar, prometendo “dizimar os terroristas, seus refúgios, cúmplices e apoiadores”.
O Paquistão acusa o Taleban afegão de permitir que o TTP use o território afegão como base de treinamento e logística para ataques em solo paquistanês. O governo de Cabul nega as acusações.
Em 26 de outubro, o Exército paquistanês relatou a morte de cinco soldados e 25 militantes do TTP em confrontos no Waziristão do Norte, região fronteiriça. Um dia antes, o ministro da Defesa Khawaja Asif havia alertado que o fracasso das negociações poderia levar a uma “guerra aberta”.
Afeganistão promete resposta
O porta-voz do Ministério do Interior do Afeganistão, Abdul Mateen Qani, respondeu no dia 28 que qualquer ataque será “respondido com uma lição para o Paquistão e uma mensagem para outros”.
As relações entre os dois países, que compartilham uma fronteira de 2.600 quilômetros, têm se deteriorado desde a volta do Taleban ao poder, em meio a trocas de acusações sobre apoio a grupos militantes.