Obra militar que permitiria a Belarus atacar a Ucrânia está parada, aponta investigação

Embora a população tenha sido retirada e impedida de ingressar na área, a construção dos novos edifícios foi interrompida

O governo de Belarus interrompeu a construção de instalações militares na fronteira que poderiam eventualmente servir para atacar a Ucrânia. Pessoas que moram na região e imagens de satélite confirmam que as obras milionárias estão paradas , de acordo com investigação conduzida pela rede Radio Free Europe (RFE).

Documentos e fotos analisados pela reportagem indicam que uma primeira fase das obras deveria ter sido concluída em março deste, o que não aconteceu. Os antigos edifícios do antigo campo de prisioneiros que funcionava ali já foi demolido, mas as obras das novas instalações ainda não foram iniciadas.

Os planos originais previam o investimento de 500 mil rublos belarussos (R$ 873 mil) nas instalações somente no ano passado, com 50 milhões de rublos belarussos (R$ 87,3 mil) investidos neste ano. a previsão para conclusão de todas as obras seria 2027.

Encontro entre Alexander Lukashenko e Vladimir Putin em 2015 (Foto: Wikimedia Commons)

Embora as obras estejam aparentemente paradas, algo que pode ser confirmado por imagens de satélite, pessoas que moravam na região foram retiradas, e aqueles que realizavam atividades de lazer são agora impedidos de entrar.

Quando as obras estavam a todo vapor, analista enxergavam a situação como um sinal de o presidente Alexander Lukashenko poderia usar as instalações para lançar um ataque à Ucrânia em apoio à Rússia, do aliado Vladimir Putin.

Aliança Moscou-Minsk

A aliança entre Belarus e Rússia é anterior à invasão da Ucrânia e se fortaleceu com a guerra. O país comandado por Lukashenko permitiu que Moscou, sob o governo do aliado Putin, acumulasse tropas na região de fronteira e posteriormente usasse o território belarusso como passagem para as forças armadas russas.

A situação levou governos e entidades ocidentais a incluírem Belarus em inúmeras sanções impostas à Rússia em função da guerra, mesmo que Minsk não tenha enviado soldados para combater ao lado das tropas da nação aliada.

Mais que uma aliança, a relação é de submissão belarussa a Moscou, a ponto de o jornalista russo Konstantin Eggert a afirmar, em artigo publicado pela rede Deutsche Welle (DW) em março de 2022, que “o Kremlin vem consolidando seu controle sobre o país vizinho”. E isso, segundo ele, “aponta para o objetivo de a Rússia absorver Belarus de uma forma ou de outra, embora possa permanecer oficialmente no mapa com Lukashenko como governante.”

O próprio presidente belarusso levantou essa possibilidade em agosto de 2021, embora não tenha manifestado otimismo na conclusão do processo. “Quando falamos de integração, devemos entender claramente que isso significa integração sem nenhuma perda de Estado e soberania”, disse na ocasião.

Por sua vez, o embaixador dos EUA na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Michael Carpenter, afirmou em janeiro de 2023 que Belarus pode ter o mesmo destino da Ucrânia após a guerra, vez que o objetivo da Rússia é “apagar a soberania” das duas nações. Segundo ele, Putin já “deixou claro” que os países “pertencem” à Rússia.

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