China segue à frente dos EUA em ranking global de relações diplomáticas, com Brasil no top 10

Relatório mostra Beijing com 274 postos diplomáticos em todo o mundo, três a mais que Washington. Guerra custou caro a Moscou

A China é a maior potência diplomática global, à frente dos Estados Unidos. É o que aponta o Índice de Diplomacia Global, um ranking divulgado no domingo (25) pelo think tank australiano Instituto Lowy. A entidade coloca o Brasil na décima posição e a Rússia em sexto, afetada duramente pelos efeitos da guerra da Ucrânia.

O ranking é definido pelo número de postos diplomáticos de cada país, sendo a China a líder com 274 estações. Os Estados Unidos aparecem em segundo com 271, seguidos por Turquia, com 252, Japão, com 251, e França, com 249. O Brasil, em décimo, tem 205 postos, um a menos que a Itália, em nono. Rússia (230, em 6º), Reino Unido (225, em 7º) e Alemanha (217, em 8º) também aparecem no top 10.

“A ascensão da China ao primeiro lugar foi rápida”, diz o relatório. “Em 2011, Beijing ficou atrás de Washington em 23 postos diplomáticos. Em 2019, a China ultrapassou os Estados Unidos ao ter a maior rede diplomática do mundo. Em 2021, a China avançou ainda mais, liderando os Estados Unidos por oito postos, mas em 2023 a diferença diminuiu novamente.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, janeiro de 2024: potências diplomáticas (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Na disputa pela primeira posição, o Instituto Lowy destaca que as duas potências mantêm ênfase regional. A China lidera na África, nas ilhas do Pacífico, na Ásia Central, no Sudeste Asiático e no Extremo Oriente. Já os EUA são mais fortes na Europa, na América Central, na América do Norte e no Sul da Ásia. No Oriente Médio e na América do Sul há equilíbrio.

O poder diplomático chinês acaba pesando contra Taiwan, que Beijing considera parte de seu território e por isso não admite que mantenha relações diplomáticas independentes. Alguns países ignoram o posicionamento chinês, mas é um número cada vez menor.

“Taiwan opera atualmente 110 postos no exterior em todo o mundo, a maioria dos quais não são oficialmente credenciados como missões diplomáticas, colocando-o em 33º lugar no Índice”, explica o think tank. “Apenas 12 países no mundo ainda mantêm relações diplomáticas oficiais com Taiwan.”

Outro importante foco de disputa diplomática é o Pacífico Sul, onde os EUA tentam expandir sua presença para conter a influência crescente da China. Washington reabriu sua embaixada nas Ilhas Salomão e criou uma nova em Tonga, revelando ainda planos de abrir pelo menos mais duas missões, em Vanuatu e Kiribati.

Beijing, por sua vez, agora tem uma embaixada nas Ilhas Salomão e elevou a sua presença não oficial em Kiribati, estabelecendo agora uma embaixada. Tais ações estão atreladas à mudança desses países no reconhecimento diplomático de Taiwan para a China continental. O mesmo vale para Naru, que em breve deve receber uma embaixada chinesa.

Nações ascendentes

O ranking deste ano destaca dois países em ascensão. A Turquia alcançou o terceiro lugar e deixou para trás Japão e França. “Operando 252 postos, tem expandido constantemente a sua rede, acrescentando 24 postos desde 2017 e 11 postos desde a última edição deste Índice em 2021”, afirma o texto.

Já a Índia tem a rede de crescimento mais rápido do Índice, acrescentando 11 postos desde 2021. “Quase três quartos destes novos postos (8) estão na África, refletindo em parte os crescentes laços econômicos da Índia com a região e a ambição de se posicionar como líder do Sul Global”, diz o Instituto Lowy.

A Rússia segue o caminho oposto, embora tenha mantido a sexta posição de 2021. “A invasão da Ucrânia pela Rússia teve um impacto significativo na sua rede diplomática. Moscou encerrou 14 dos seus postos no exterior desde o lançamento da sua invasão em fevereiro de 2022, em grande parte como resultado da deterioração dos laços ou de expulsões diplomáticas”, segundo o relatório. 

No sentido contrário, foram fechados 16 postos diplomáticos na Rússia desde o início da guerra. “A diminuição das ligações diplomáticas da Rússia impedirá a sua capacidade de promover os seus interesses globais”, avaliam os autores do Índice.

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