Aliado de Putin, Kadyrov diz que tropas russas enfrentam ‘dificuldades’ na Ucrânia

líder checheno afirmou que cerca de 3 mil militares chechenos estão combatendo na Ucrânia ao lado dos russos

O líder checheno Ramzan Kadyrov, importante aliado do presidente russo Vladimir Putin, disse na quarta-feira (18), durante um evento realizado em Moscou, que as tropas da Rússia estão encontrando “dificuldades” para enfrentar o exército ucraniano. As informações são da revista Newsweek.

“Não estamos lutando contra a Ucrânia, contra Banderitas. Estamos lutando contra a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)”, disse Kadyrov, usando um termo que remete aos seguidores do ultranacionalista ucraniano Stepan Bandera, acusado por seus opositores de colaborar com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

“A Otan, o Ocidente os está armando (a Ucrânia)”, afirmou o líder checheno durante um fórum estudantil em Moscou. “Os mercenários deles (da Otan) estão lá, por isso nosso Estado está enfrentando dificuldades. Mas é uma experiência boa. Provaremos novamente que os russos não podem ser derrotados”.

Putin e Kadyrov: aliados na guerra contra a Ucrânia (Foto: Kremlin/Divulgação)

Questionado pelo público, Kadyrov afirmou que cerca de 3 mil militares chechenos estão combatendo na Ucrânia ao lado dos russos. Segundo ele, suas tropas estão “lentamente limpando Lugansk e Donetsk”, e cerca de 200 voluntários foram enviados recentemente para o combate.

Ao falar sobre as tais “dificuldades” enfrentadas pelas tropas russas, Kadyrov admitiu que “no início houve erros” na estratégia militar. Mas o curso foi corrigido, e “estamos cem por cento indo de acordo com o plano”.

Ainda segundo ele, o “patriotismo” dos russos garante que Moscou tenha soldados o bastante para lutar, tornando desnecessária uma mobilização nacional para aumentar o efetivo.

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho, no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano. Aquele conflito foi usado por Vladimir Putin como argumento para justificar a invasão integral, classificada por ele como uma “operação militar especial”.

“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país.

No início da ofensiva, o objetivo das forças russas era dominar Kiev, alvo de constantes bombardeios. Entretanto, diante da inesperada resistência ucraniana, a Rússia foi forçada a mudar sua estratégia. As tropas, então, começaram a se afastar de Kiev e a se concentrar mais no leste ucraniano, a fim de tentar assumir definitivamente o controle de Donbass e de outros locais estratégicos naquela região.

Em meio ao conflito, o governo da Ucrânia e as nações ocidentais passaram a acusar Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, dando início a investigações de crimes de guerra ou contra a humanidade cometidos pelos soldados do Kremlin.

O episódio que mais pesou para as acusações foi o massacre de Bucha, cidade ucraniana em cujas ruas foram encontrados dezenas de corpos após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.

O jornal The New York Times realizou uma investigação com base em imagens de satélite e associou as mortes em Bucha a tropas russas. As fotos mostram objetos de tamanho compatível com um corpo humano na rua Yablonska, entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.

Fora do campo de batalha, a Rússia tem sido alvo de todo tipo de sanções. As esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais já começaram a sufocar a economia russa, e o país tem se tornado um pária global. Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, mais de 600 empresas ocidentais deixaram de operar na Rússia, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral.

Os mortos de Putin

Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.

Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.

A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.

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