Os aliados ocidentais de Kiev já alocaram quase todo o financiamento necessário para a compra de centenas de milhares de projéteis de artilharia que serão enviados para a Ucrânia pela República Tcheca, segundo a rede Bloomberg.
Fontes governamentais tchecas, que falaram sob condição de anonimato, afirmaram à reportagem que a entrega da munição pode ocorrer dentro de algumas semanas, dependendo dos contratos e cronogramas de entrega estabelecidos.
Praga desempenhará um papel intermediário, coordenando a compra dos cartuchos em nome dos países que estão dispostos a financiar essa assistência para Kiev.
Durante coletiva de imprensa conjunta com o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, realizada na quarta-feira (6) em Odessa, sul da Ucrânia, o presidente Volodymyr Zelensky expressou otimismo em relação à iniciativa tcheca. “Há progressos positivos. No entanto, só poderemos considerar resultados positivos quando as bombas estiverem efetivamente na Ucrânia”, disse ele
Durante a Conferência de Segurança de Munique, realizada em 17 de fevereiro, o presidente tcheco Petr Pavel anunciou que a República Tcheca identificou 500 mil projéteis de 155 mm e 300 mil de 122 mm prontos para serem entregues em semanas caso haja financiamento disponível.
A transferência desses projéteis pode ser viabilizada em questão de semanas se Estados Unidos, Alemanha, Suécia e outros aliados fornecerem o financiamento necessário. Países como Canadá, Holanda, Bélgica e Lituânia demonstraram apoio, alocando recursos para essa iniciativa.
Atualmente, 15 países estão apoiando a compra de munição para a Ucrânia fora da União Europeia (UE). Paralelamente, o bloco econômico tem aumentado sua produção de munição nos últimos meses, planejando elevar sua capacidade para um milhão de cartuchos por ano até março deste ano e para dois milhões até 2025.
Há uma estimativa de que Kiev necessite de pelo menos 200 mil projéteis por mês para continuar combatendo as forças russas. O uso médio diário de projéteis pelas forças russas é estimado em três a cinco vezes maior do que a capacidade de disparo das forças ucranianas.
A UE falhou em cumprir seu compromisso de fornecer à Ucrânia um milhão de munições de artilharia até este mês, deixando o país, devastado pela guerra, enfrentando uma escassez crítica.
Além disso, bilhões de dólares da proposta de ajuda de emergência dos EUA à Ucrânia estão retidos no Congresso norte-americano, aumentando os temores na Europa de que, se Donald Trump for reeleito presidente em novembro, ele possa retirar o apoio a Kiev.
Em outubro, o presidente Joe Biden solicitou cerca de US$ 61,5 bilhões para ajudar a fornecer armas à Ucrânia e repor os estoques dos EUA. No entanto, com os recursos para Kiev esgotados e o Congresso em impasse sobre políticas de segurança fronteiriças, Washington não conseguiu enviar a tão necessária assistência para o país invadido nos mesmos níveis dos últimos dois anos.