Após incidentes com Alcorão, UE continuará as negociações com a Organização de Cooperação Islâmica

O porta-voz de relações exteriores da União Europeia afirmou que os incidentes na Dinamarca e na Suécia são considerados "atos irresponsáveis" de indivíduos e não refletem a política do bloco

A União Europeia (UE) está comprometida em continuar as negociações com a Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) visando a “promoção da tolerância e respeito mútuo”, disse uma autoridade nesta terça-feira (8). Isso ocorre após uma série de incidentes recentes de queima do Alcorão em países do norte do bloco. As informações são do Middle East Monitor.

O porta-voz de relações exteriores, Peter Stano, confirmou que a Comissão da UE mantém contato regular com a OIC. As conversas entre funcionários da comissão e a representação islâmica em Bruxelas visam entender os próximos passos após os incidentes de profanação do livro sagrado dos muçulmanos ocorridos na Dinamarca e na Suécia.

Stano ressaltou que tais ações “não refletem a política da UE”, mas são atos irresponsáveis cometidos por indivíduos que buscam criar conflito e divisão entre as comunidades.

Sede da União Europeia em Bruxelas, Bélgica, em maio de 2014 (Foto: Divulgação/Thijs ter Haar)

A UE está pronta para continuar as conversas com a OIC, pois este é um momento crucial para unirmos esforços e fortalecermos a promoção da tolerância e respeito mútuo.

No final de julho, o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, destacou o “diálogo estreito” com Mette Frederiksen, primeira-ministra dinamarquesa, enfatizando a necessidade de medidas para fortalecer a resiliência diante da perigosa situação.

Apesar de não planejar mudanças radicais nas leis de liberdade de expressão da Suécia, Kristersson, o governo dinamarquês está considerando intervenções em situações específicas dentro do quadro da liberdade de expressão protegida constitucionalmente.

Em 25 de julho, a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou uma resolução que classifica qualquer ato de violência contra livros sagrados como violação do direito internacional.

Uma série de profanações do livro sagrado do Islã, realizadas por de ativistas anti-islâmicos, desencadeou protestos intensos em nações muçulmanas, incluindo o ataque à embaixada da Suécia no Iraque, que foi incendiada no mês passado.

Grupo Islâmico pediu ação contra profanação

A OCI realizou uma reunião no começo de agosto com seus ministros das Relações Exteriores para discutir incidentes recentes de queima e desfiguração do Alcorão em protestos na Suécia e Dinamarca.

A organização, sediada na Arábia Saudita, instou seus 57 Estados-Membros a reduzirem laços com países que permitem o protesto, inclusive retirando embaixadores.

O grupo incentivou as organizações da sociedade civil nos países-membros a colaborarem com parceiros em nações onde o Alcorão foi queimado ou profanado. A ideia é que elas iniciem processos locais antes de recorrerem a órgãos judiciais internacionais, quando apropriado.

Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, criticou a declaração da OIC como fraca e incentivou a “juventude muçulmana” a agir por conta própria para resolver o problema, sem especificar como deveriam fazê-lo. Ele havia anteriormente sugerido punir aqueles que facilitam ataques ao livro sagrado do Islã.

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