Atentos ao Wagner Group, países ameaçam fechar a fronteira de Belarus com a UE

Polônia ganha o apoio de Lituânia e Letônia e fala em isolar Minsk em caso de um incidente grave envolvendo os mercenários

A presença de membros do Wagner Group no território belarusso colocou em alerta os países vizinhos que são membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Na quinta-feira (27), Polônia, Lituânia e Letônia ameaçaram fechar suas fronteiras com Belarus, único acesso do país à União Europeia (UE), caso tenham problemas com os mercenários. As informações são da agência Reuters.

“Sem dúvida, se houver incidentes graves envolvendo o Wagner Group nas fronteiras da Otan e de países da UE, como Polônia, Lituânia ou Letônia, sem dúvida tomaremos uma atitude juntos”, disse o ministro do Interior polonês, Mariusz Kaminski. “Não excluo que, se decidirmos que esta é a resposta certa no momento, levaremos ao isolamento completo de Belarus.”

Forças de segurança da Polônia na fronteira com Belarus: crise antiga (Foto: reprodução/twitter.com/ajplus)

A crise entre Polônia e Belarus é anterior à guerra e teve início em 2021. Varsóvia acusou Minsk de enviar à região de fronteira milhares de migrantes provenientes de países como Afeganistão, Iraque, Síria, Irã e Iêmen, de forma a criar problemas não apenas ao governo polonês, mas também à UE.

De lá pra cá, a relação só piorou, com a Polônia tendo se tornado um dos principais apoiadores da Ucrânia na guerra contra a Rússia. Belarus, por sua vez, é antigo aliado de Moscou, tendo inclusive fornecido seu território para a passagem das tropas russas que invadiram o território ucraniano no dia 24 de fevereiro de 2022.

Tensão crescente

Foi o presidente belarusso Alexander Lukasheko que intermediou o acordo entre Moscou e o Wagner Group para encerrar o motim de junho na Rússia. Ele, então, convidou os mercenários rebeldes e o líder deles, Evgeny Prigozhin, a se instalarem em Belarus, proposta aceita pelo aliado Vladimir Putin.

A situação levou a Polônia a ampliar o contingente de forças na fronteira, para o caso de um eventual ataque do Wagner. Lukashenko chegou a sugerir essa possibilidade em reunião recente com Putin, dizendo que os mercenários pediram autorização para “fazer uma excursão a Varsóvia.”

O ditador belarusso, então, teria explicado a Putin que, devido aos ânimos inflamados na divisa com a Polônia, mantém os mercenários na região central de Belarus, longe da fronteira com a Otan. “Não gostaria de realocá-los porque eles estão de mau humor”, afirmou Lukashenko, de acordo com o grupo belarusso de monitoramento Belaruski Hajun.

Apesar do alerta entre os membros da Otan, o think tank Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) diz que um ataque à Polônia é bastante improvável. “Não há indicação de que os combatentes do Wagner em Belarus tenham o armamento pesado necessário para montar uma ofensiva séria contra a Ucrânia ou a Polônia sem um rearmamento significativo”, disse a entidade no domingo (23).

“As forças do Wagner em Belarus não representam nenhuma ameaça militar para a Polônia ou a Ucrânia, a menos que sejam reequipadas com equipamentos mecanizados. Mesmo assim, eles não representam uma ameaça significativa para a Otan”, avalia o think tank.

O Belaruski Hajun estima que Wagner Group tenha atualmente algo entre 3.450 e 3.650 mercenários em Belarus, além cerca de 700 veículos e equipamento de construção. O ISW faz avaliação idêntica, baseada em imagens de satélite. E é ainda mais específico, dizendo que os veículos não têm poder de fogo. São, na verdade, carros, caminhões pequenos e reboques.

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