Atingida por um duro golpe da Ucrânia, Hungria sofre com a escassez de combustíveis

Sob o argumento de fortalecer as sanções a Moscou, Kiev cortou o fluxo de petróleo em direção ao país a partir da Rússia

A decisão da Ucrânia de reduzir o fluxo de petróleo em direção ao Leste Europeu vem surtindo efeito. De acordo com o site Político, a Hungria, cujo premiê Viktor Orbán é um aliado do presidente russo Vladimir Putin, admite que vem sendo afetada pela escassez de combustíveis.

O petróleo da LukOil chegava ao Leste Europeu através do oleoduto Druzhba. O fluxo vinha sendo mantido até 18 de julho, quando foi interrompido por decisão de Kiev, já que os dutos passam pelo território ucraniano.

O problema é que a Hungria depende demais do petróleo russo, responsável por 70% do abastecimento no país. A LukOil, particularmente, é essencial para o funcionamento das refinarias húngaras, pois responde por metade do fornecimento.

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán (Foto: Divulgação/European Parliament)

“As medidas ucranianas podem criar uma situação grave”, avalia Ilona Gizińska, pesquisadora e especialista em Hungria no think tank Centro de Estudos do Leste, acrescentando que os húngaros podem enfrentar preços de energia altíssimos e escassez de eletricidade em “semanas”, a menos que encontrem uma solução.

A Ucrânia alega que sua decisão não causa nenhum prejuízo a húngaros e eslovacos e que visa apenas a comprometer as fontes de renda da Rússia, que não teriam sido suficientemente atingidas pelas sanções ocidentais. E, embora confirme o bloqueio do fluxo da LukOil, diz que o Druzhba também atende a outros fornecedores, que compensam as perdas e assim permitem a manutenção do volume normal.

A Hungria, entretanto, admite ter sentido o impacto. Péter Szijjártó, ministro das Relações Exteriores, disse que a situação pode ameaçar a segurança energética de longo prazo do país e criticou a Ucrânia, que segundo ele está “disposta a encontrar uma solução para a situação.”

O governo húngaro, no entanto, não esperou um acordo e contra-atacou, vetando um reembolso que deveria ser pago pela União Europeia (UE) a países que forneceram munição à Ucrânia. Diz que manterá o veto até que Kiev libere a passagem de petróleo russo.

Paralelamente, Szijjártó disse que vem mantendo contato com o homólogo russo Sergei Lavrov para encontrar uma solução alternativa para o transporte do petróleo. A Eslováquia, igualmente afetada, também protestou e tenta convencer a Ucrânia a mudar de posição.

De acordo com o Centro de Pesquisa e Ar Limpo (CREA), sediado na Finlândia, no ano passado a Ucrânia transportou 14,6 milhões de toneladas de petróleo pelo Druzhba para compradores da UE, incluindo Hungria e Eslováquia. Mais 5,5 milhões de toneladas embarcaram no primeiro semestre de 2024, com cerca de metade desse volume total vendida pela LukOil.

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