Ativista extraditada por Moscou é condenada a 12 anos de prisão em Belarus

Yana Pinchuk foi detida na cidade russa de São Petersburgo, em novembro de 2021, sob um mandado de prisão emitido em Belarus

A Justiça de Belarus condenou a 12 anos de prisão a ativista local Yana Pinchuk, que foi presa na Rússia em 2021 e enviada ao país de origem em agosto do ano passado. Grupos de direitos humanos alegam que as acusações e a sentença contra ela têm motivação política. As informações são da Rede Radio Free Europe (RFE).

Pinchuk foi detida na cidade russa de São Petersburgo, em novembro de 2021, sob um mandado de prisão emitido em Belarus. Ela gerenciava um canal no aplicativo de mensagens Telegram chamado Vitsebsk97%, que foi considerado extremista pelo governo belarusso.

A ativista, que estava presa desde então, foi agora julgada e condenada por um tribunal da capital Minsk. Os crimes imputados a ela são de incitar o ódio social, criar um grupo extremista, fazer apelos para perturbar a ordem constitucional e infligir danos à segurança do país.

Em sua defesa, Pinchuk alegou que a página foi encerrada tão logo recebeu o selo de extremista, assim designado por fazer denúncias contra o presidente Alexander Lukashenko e por contestar o resultado da eleição de 2020 que o credenciou para o sexto mandato, um pleito repleto de denúncias de fraude.

Yana Pinchuk, ativista que pode pegar até 12 de prisão em Belarus (Foto: reprodução/VK)
Por que isso importa?

Belarus testemunha uma crise de direitos humanos sem precedentes, com fortes indícios de desaparecimentos, tortura e maus-tratos como forma de intimidação e assédio contra seus cidadãos. Dezenas de milhares de opositores ao regime de Lukashenko, no poder desde 1994, foram presos ou forçados ao exílio desde as controversas eleições no ano passado.

O presidente, chamado de “último ditador da Europa”, parece não se incomodar com a imagem autoritária, mesmo em meio a protestos populares e desconfiança crescente após a reeleição de 2020, marcada por fortes indícios de fraude. A porta-voz do presidente Natalya Eismont chegou a afirmar em 2019, na televisão estatal, que a “ditadura é a marca” do governo de Belarus.

Desde que os protestos populares tomaram as ruas do país após o controverso pleito, as autoridades belarussas têm sufocado ONGs e a mídia independente, parte de uma repressão brutal contra cidadãos que contestam os resultados oficiais da votação. A organização de direitos humanos Viasna diz que há atualmente quase de 1,5 mil prisioneiros políticos no país.

O desgaste com o atual governo, que já se prolonga há anos, acentuou-se em 2020 devido à forma como ele lidou com a pandemia, que chegou a chamar de “psicose”. Em determinado momento, o presidente recomendou “vodka e sauna” para tratar a doença.

A violenta repressão imposta por Lukashenko levou muitos oposicionistas a deixarem o país. Aqueles que não fugiram são perseguidos pelas autoridades e invariavelmente presos. É o caso de Sergei Tikhanovsky, que cumpre uma pena de quase 20 anos de prisão sob acusações consideradas politicamente motivadas. Ele é marido de Sviatlana Tsikhanouskaia, candidata derrotada na eleição presidencial e hoje exilada.

Já o distanciamento entre o país e o Ocidente aumentou com a guerra na Ucrânia, vez que Belarus é aliada da Rússia e permitiu que tropas de Moscou usassem o território belarusso para realizar a invasão.

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