Autoridade russa repreende Macron e chama líderes europeus de ‘irresponsáveis’

Chefe da inteligência de Moscou criticou duramente a manifestação do presidente francês sobre o envio de tropas à Ucrânia

“Profundamente irresponsáveis” e “extremamente perigosas”. Assim o chefe da inteligência externa do presidente Vladimir Putin classificou, respectivamente, as lideranças europeias e as declarações do líder francês Emmanuel Macron, que recentemente admitiu a possibilidade de enviar tropas para confrontar o exército russo na Ucrânia. As informações são da agência Reuters.

“É triste ver isto, é triste observar e é triste compreender que a capacidade das atuais elites da Europa e do Atlântico Norte para negociar está num nível muito baixo”, disse Sergei Naryshkin, chefe do SVR (Serviço de Inteligência Estrangeira, da sigla em inglês). “Eles demonstram cada vez mais raramente qualquer bom senso.”

A polêmica nasceu na semana passada, quando Robert Fico, primeiro-ministro da Eslováquia, afirmou que alguns países-membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) já consideravam o envio de tropas à Ucrânia. A afirmação foi inicialmente recebida com desconfiança, dado o histórico do chefe de Estado.

Sergei Naryshkin, chefe da espionagem russa (Foto: OSCE Parliamentary Assembly/Flickr)

Fico é notório opositor da ajuda oferecida a Kiev pela Otan, da qual a Eslováquia é parte. Visto como um simpatizante de Moscou dentro da aliança, a fala dele foi recebida com ceticismo, também porque nenhum outro chefe de Estado se manifestou em um primeiro momento. Logo na sequência, porém, a projeção do líder estoniano se mostrou precisa.

Segundo a agência Associated Press (AP), o presidente da França afirmou que o envio de soldados para apoiar a Ucrânia na guerra contra a Rússia estaria de fato sendo analisada.

“Não há consenso hoje sobre enviar tropas oficiais e endossadas para o terreno. Mas, em termos de dinâmica, nada pode ser descartado”, disse Macron naquela oportunidade. “Faremos tudo o que for necessário para que a Rússia não possa vencer a guerra.”

Embora os EUA e outros Estados-membros da Otan mais tarde tenham sido taxativos, descartando qualquer possibilidade de tal intervenção militar, as críticas de Naryshkin não se limitaram a Macron. Segundo ele, as falas do presidente francês são “extremamente perigosas” e expõem “o elevado grau de irresponsabilidade política dos líderes europeus de hoje.”

Macron apoia plano tcheco de munições para Kiev

Durante uma visita a Praga na terça-feira (5), o presidente francês voltou à carga e anunciou seu respaldo ao plano da República Tcheca de fornecer projéteis de artilharia para a Ucrânia, visando conter os avanços das forças russas, segundo informações da rede Bloomberg.

Macron afirmou que Paris fará parte da iniciativa tcheca, segundo ele “extremamente útil”, e que está pronto para se somar aos esforços. “Consiste em procurar munição em todos os lugares onde ela estiver disponível e for compatível com os equipamentos que entregamos”, afirmou

No mês passado, o presidente tcheco Petr Pavel anunciou que Praga havia identificado cerca de 800 mil cartuchos de munição disponíveis para compra de países fora da UE, prontos para serem entregues em semanas, desde que houvesse financiamento disponível.

Poucos dias depois, Macron sediou uma reunião em Paris com líderes para discutir o apoio à Ucrânia, incluindo a proposta tcheca. Durante o encontro, a Holanda se comprometeu a contribuir com 100 milhões de euros (cerca de R$ 537 milhões).

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