Nos últimos anos, cerca de 600 diplomatas russos foram expulsos de países europeus suspeitos de realizar atividades de espionagem sob o manto da diplomacia. A devassa comprometeu a atuação dos serviços de inteligência de Moscou, e o governo alemão diz que isso forçou a Rússia a usar incentivos financeiros para recrutar espiões estrangeiros em substituição. As informações são da agência Reuters.
“A Rússia está trabalhando duro para compensar a redução do governo alemão no número de agentes russos na Alemanha”, disse Thomas Haldenwang, chefe do Escritório Federal para a Proteção da Constituição (BfV, na sigla em alemão), o serviço de inteligência doméstico local.
A revelação surge acompanhada de uma denúncia contra dois alemães que teriam recebido cerca de 400 mil euros cada um para que atuassem a serviço da inteligência russa. De acordo com Haldenwang, o alto valor do suborno “mostra que os serviços da Rússia continuam a ter enormes recursos financeiros para prosseguir os seus objetivos de inteligência.”
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Berlim vem registrando um aumento considerável das atividades de inteligência de Moscou no país, e um relatório divulgado em junho de 2023 pelo BfV destacou as campanhas de desinformação como principal arma russa em solo alemão, embora atos de sabotagem também estejam em alta.
A Alemanha é o país com maiores população e economia dentro da União Europeia (UE), o que a torna forte influenciadora no bloco e ajuda a explicar o interesse de Moscou pelo país. No ano passado, Haldenwang já havia afirmado, mesmo em meio à forte campanha de combate à espionagem, que existe um “grande número de agentes” russos na Alemanha, quase sempre próximos a pessoas poderosas.
Além de fornecer vantagens financeiras, Moscou usa chantagem para forçar cidadãos alemães a se virarem contra o próprio país. O alvo preferencial são indivíduos que viajam frequentemente para a Rússia a trabalho ou que vivem naquele país.
“Assim que têm informações comprometedoras sobre os seus alvos, estes serviços não hesitam em empregar técnicas de recrutamento agressivas”, afirmou o chefe de inteligência.
“Atividades malignas”
Os diplomatas russos, entretanto, continuam sendo a prioridade dos países europeus no enfrentamento à espionagem. Nesse sentido, oito ministros das Relações Exteriores da UE solicitaram na semana passada eu o bloco proíba tais indivíduos de se movimentarem livremente pelo bloco, restringindo a circulação ao os país onde cada um deles está credenciado.
O pedido foi feito em uma carta enviada a Josep Borrell, chefe da política externa da UE, cujo conteúdo foi revelado pela Reuters. Segundo o documento, datado de 11 de junho, a liberdade de circulação de portadores de passaportes diplomáticos e de serviço russos em todo o Espaço Schengen está facilitando “atividades malignas”.
Apesar de considerarem as expulsões importantes, afirmaram que a ameaça persiste. “Acreditamos que a UE deve seguir estritamente o princípio da reciprocidade e limitar a circulação dos membros das missões diplomáticas russas e de seus familiares apenas ao território do Estado onde estão acreditados”, declararam.