Chefe da diplomacia britânica destaca a importância de derrotar a Rússia e pede atenção com a China

Secretária de Relações Exteriores diz que negociações de paz só serão possíveis após uma vitória militar contra Moscou

Durante o Fórum Público da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que discutiu o futuro da aliança político-militar em Madrid, a secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, declarou que considera “crucial” uma derrota da Rússia na guerra na Ucrânia. O evento, promovido por think tanks americanos e europeus, ocorreu entre os dias 28 e 29 de junho, recebendo especialistas e tomadores de decisão de todo o mundo para adicionar novas perspectivas à cúpula. As informações são da ONG U.S. Naval Institute.

Falando algumas horas antes de a Otan iniciar sua reunião formal na capital espanhola, Liz alertou sobre a negociação com Moscou por uma falsa paz. “Temos que derrotar a Rússia primeiro”, disse ela.

A secretária ainda fez menção a uma questão histórica espinhosa conduzida por Beijing. Ela disse que, ao tomar partido no conflito entre Moscou e Kiev, a aliança também deve enviar uma mensagem à China para não “fazer o cálculo errado” sobre uma eventual invasão a Taiwan, território semiautônomo que enxerga um paralelo entre a sua situação e a crise no Leste Europeu.

Presidente suíço Ignazio Cassis fala com a secretária de Relações Exteriores do Reino Unido Liz Truss durante conferência em Lugano (Foto: FDFA Federal Dep. of Foreign Affairs/Flickr)

Quem também esteve presente no fórum foi o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Ele fez uma analogia para descrever o que é necessário para selar a paz entre as nações vizinhas: “São precisos dois para dançar o tango”. O problema, segundo ele, é que, desde o início do conflito, em 24 de fevereiro, o Kremlin não fez nenhum movimento para iniciar negociações sérias, sequer para um cessar-fogo.

Blinken ainda classificou como uma “ficção da soberania russa” as alegações do presidente Vladimir Putin, antes de ordenar a incursão militar em larga escala ao território vizinho, de que “Otan e Ucrânia eram uma ameaça”.

Já o líder ucraniano Volodymyr Zelensky solicitou mais ajuda militar à aliança, à União Europeia (EU) e a parceiros no Indo-Pacífico, especialmente artilharia de longo alcance. Ele também relatou que necessita de mais dinheiro para continuar a resistência contra os agressores.

Conferência discute o pós-guerra

A reconstrução da Ucrânia do pós-guerra foi o tema central de uma conferência internacional iniciada nesta segunda-feira (4) em Lugano, na Suíça. Liz Truss esteve presente e afirmou que o Reino Unido está “resoluto em seu apoio à integridade territorial” do país invadido.

“Vamos pressionar por investimentos imediatos e impulsionar o crescimento econômico, porque é absolutamente imperativo que a economia ucraniana funcione”, disse a secretária de Relações Exteriores britânica. “Precisamos apoiar a volta dos ucranianos que retornam à Ucrânia, precisamos dar às pessoas esperança sobre o futuro e precisamos dar a eles os meios para serem capazes de se sustentar”, projetou.

Ela citou como exemplo o programa de ajuda econômica dos EUA aos países da Europa Ocidental após a Segunda Guerra Mundial. “Isso precisa ser um novo Plano Marshall para a Ucrânia e precisa ser conduzido pela própria Ucrânia”, ponderou. “A reconstrução deve incorporar reforma, modernização, tecnologia e transparência”.

A chefe da diplomacia britânica mencionou que seu país está explorando maneiras de engajar empresas britânicas de tecnologia e universidades nesse esforço de reconstrução. Ela ainda destacou que enxerga uma oportunidade real para a Ucrânia de manufatura próxima à costa e que o país pode ter “uma economia extremamente vibrante daqui para frente” também nos setores de agronegócio e tecnologia.

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