Por ordem de Beijing, a emissora britânica BBC não poderá mais ser transmitida na China, noticiou a Reuters nesta sexta-feira (12). A medida seria uma resposta a Londres, que revogou a licença da TV estatal chinesa CGTN no último dia 4.
Uma investigação identificou que a emissora chinesa estava sob o comando do Partido Comunista da China e, por isso, violava as leis britânicas. A CGTN também deve perder a licença de transmissão na Alemanha.
A RTHK, emissora pública do antigo território britânico de Hong Kong, também anunciou que deixará de retransmitir a programação da BBC World Service. A estação veiculava oito horas da grade britânica à noite, todos os dias.
Segundo a Administração Nacional de Rádio e Televisão chinesa, as reportagens da BBC sobre a China “violaram gravemente” a exigência de ser “verdadeiro e justo” e “prejudicaram interesses da China” no exterior.
Reportagens recentes da BBC também “minaram a unidade étnica” da China. Semanas antes, a emissora publicou uma série de relatórios sobre as políticas chinesas contra a população uigur na província de Xinjiang, no extremo oeste chinês.
Há relatos de detenção, maus tratos e trabalho forçado contra a minoria muçulmana da região. O governo chinês afirma que os campos são “centros de treinamento” contra o “terrorismo e para a redução da pobreza”.
Alerta ao exterior
Ao jornal honconguês “South China Morning Post”, a Associação de Correspondentes Estrangeiros da China afirmou que as razões apresentadas por Beijing para a proibição são um alerta à imprensa estrangeira.
“A China envia um aviso de que a imprensa que opera no país pode enfrentar sanções caso suas reportagens não sigam a linha do partido”, afirmaram os representantes da agremiação, em comunicado.
O bloqueio à BBC aumenta a temperatura das tensões entre Beijing e Londres. No ano passado, o primeiro-ministro inglês, Boris Johnson, proibiu que a rede 5G implantada no país tivesse participação da chinesa Huawei.
“A China tem algumas das restrições mais severas à liberdade de imprensa e internet”, disse o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab. “Esta última decisão só prejudicará a reputação dos chineses aos olhos do mundo”.