Com escassez de mão de obra, Wagner Group usa o Pornhub para recrutar mercenários

Anúncio divulgado pela organização em site pornográfico convida internauta a se juntar ao "exército mais legal do mundo"

Nas últimas semanas, o Wagner Group, uma organização paramilitar privada a serviço do Kremlin, perdeu o acesso às prisões russas, onde vinha recrutando mercenários para lutar na guerra da Ucrânia. Devido à escassez de mão de obra, a empresa passou a espalhar propagandas de recrutamento pela internet. Um dos veículos usados é o Pornhub, site de vídeos pornográficos mais acessado do mundo. As informações são da rede Radio Free Europe (RFE).

Um anúncio feito pela organização paramilitar divulgado através do Pornhub circulou nas redes sociais nos últimos dias. O site informativo ucraniano Ukrainska Pravda reproduziu um desses vídeos em sua conta no Twitter.

A propaganda do Wagner Group mostra uma mulher com um pirulito na boca e exibe texto e áudio cheios de palavrões em russo. A locutora, com voz sensual, diz que são aceitos recrutas “de todas as regiões russas” para servir ao “exército privado mais legal do mundo”. No final, um telefone de contato é exibido.

O empresário Evgeny Prigozhin, que comando o Wagner, usou sua conta no Telegram para confirmar a veracidade do vídeo. “A colocação do anúncio em sites pornográficos é uma boa ideia de nossos especialistas em marketing. Concordo plenamente com eles. O anúncio diz: Vá lutar junto com a campanha militar privada do Wagner e pare de se masturbar. E quem discorda disso?”, disse ele.

O Wagner Group tem sido crucial para os esforços de guerra russos na Ucrânia. Não está claro quantos mercenários foram deslocados pela organização para lutar, mas informações de agências de inteligência estrangeiras falam em até 50 mil.

Porta da sede do Wagner Group em São Petesburgo: em busca de mercenários (Foto: reprodução/VK)

Entretanto, assim como as tropas regulares das forças armadas da Rússia, o Wagner também vem perdendo homens em um ritmo muito maior que o projetado pelo Kremlin. Assim, passou a recorrer a métodos pouco ortodoxos de recrutamento. Entre eles, a oferta de perdão governamental a criminosos condenados que aceitassem deixar a prisão para lutar na Ucrânia por seis meses.

Prigozhin teria ido pessoalmente aos presídios oferecer anistia em troca de serviço militar. No entanto, apesar da afirmação dele de que tem “cumprido as obrigações”, há denúncias de abusos praticados pela organização contra os presos que resolveram se juntar a ela. Uma das denúncias diz que condenados são sumariamente executados por se recusarem a lutar ou por não cumprirem ordens.

Em dezembro do ano passado, o Ministério da Defesa do Reino Unido publicou balanço de inteligência dizendo que combatentes recrutados nos presídios russos são levados à Ucrânia para atuar na linha de frente e assim reduzir o risco à vida dos membros mais experientes do Wagner Group.

Os ex-presidiários, geralmente menos experientes, recebem um tablet ou celular que mostra a eles em um mapa a rota que deve ser seguida na linha de frente. Já os comandantes, aqueles com melhor treinamento, ficam na retaguarda, onde o risco é consideravelmente menor, de acordo com o governo britânico.

No início de fevereiro, Prigozhin afirmou que “o recrutamento de prisioneiros pela empresa militar privada Wagner parou completamente”. Desde então, ele passou a usar clubes esportivos como centro de recrutamento e focou até em escolas de ensino médio, onde busca seduzir adolescentes russos, chamados por ele de “jovens guerreiros”, para que no futuro sirvam à instituição.

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