Deputado russo propõe que críticos da guerra tenham propriedades confiscadas

Vyacheslav Volodin, aliado de Putin, propôs a apreensão de bens de cidadãos russos que deixaram o país e se opõem ao governo

Russos que deixaram o país após o início do conflito na Ucrânia podem não estar livres de punições do Kremlin por críticas à chamada “operação militar especial” de Moscou. Nesta sexta-feira (13), uma proposta feita por um deputado aliado do presidente Vladimir Putin sugeriu que os exilados antiguerra tenham suas propriedades confiscadas por afrontar o Estado e seu exército. As informações são do jornal independente The Moscow Times.

A proposta partiu de Vyacheslav Volodin, presidente da Duma, a câmara baixa do Legislativo russo, que subiu o tom contra aqueles que foram embora do país. “Canalhas”, disse ele em um post em seu canal no Telegram, acrescentando que essas pessoas podem ser responsabilizadas criminalmente por “insultar a Rússia, seus habitantes, soldados e oficiais”.

“Os canalhas que partiram vivem confortavelmente graças ao nosso país. No exterior, eles alugam imóveis e continuam recebendo royalties às custas dos cidadãos russos”,  escreveu Volodin.

Vyacheslav Volodin, presidente da câmara baixa do Legislativo russo (Foto: WikiCommons)

Segundo ele, esse tipo de comportamento não está em conformidade com a legislação do país. “De acordo com a lei russa, tais declarações podem ser vistas como apelos ao extremismo, reabilitação do nazismo ou desacreditar as forças armadas”, escreveu ele.

No início de março, pouco depois de a guerra ter estourado, o Legislativo local aprovou uma lei que impede o descrédito das forças armadas russas durante suas operações “para proteger os interesses da Federação Russa e de seus cidadãos, mantendo a paz e a segurança internacionais”.

Para Volodin, emendar uma cláusula sobre confisco de propriedade ao Código Penal seria a punição “correta” para exilados russos contrários à guerra considerados culpados por esse tipo de delito.

Quem endossou a ideia de Volodin foi o presidente do Comitê de Legislação Constitucional do Conselho da Federação, Andrey Klishas. À agência estatal de notícias Tass, ele disse que se trata de abordagem possível, mas observou que “é preciso que haja a formulação de um delito e uma emenda ao Código Penal”.

Não há definições sobre quando ou se a proposta de Volodin será considerada no parlamento, que irá retomar as atividades na semana que vem.

O Kremlin não incentiva esse tipo de medida extrema de apreensão de bens. “Devemos garantir que aqueles que partiram e não são inimigos da Rússia queiram retornar”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres.

Milhares de russos foram embora por não concordarem com a guerra e até mesmo para escapar da convocação para o exército. Entre os principais destinos estão ArmêniaTurquia e Azerbaijão, que fazem fronteira com o território russo e não exigem visto de entrada.

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