A Dinamarca anunciou um investimento de 14,6 bilhões de coroas dinamarquesas (cerca de R$ 10,8 bilhões) para fortalecer a segurança no Ártico, em parceria com seus territórios autônomos da Groenlândia e das Ilhas Faroé. O pacote inclui a aquisição de três novos navios, drones de longo alcance com capacidade avançada de captação de imagens e reforço na capacidade de satélites. As informações são da rede BBC.
A decisão ocorre em meio à insistência do presidente dos EUA, Donald Trump, em adquirir a Groenlândia, uma ilha estratégica que pertence ao reino dinamarquês. O território tem apenas 56 mil habitantes, em sua maioria indígenas Inuit, e é considerada vital para a segurança norte-americana.
Localizada na rota mais curta entre a América do Norte e a Europa, a ilha já abrigou bases militares americanas durante a Segunda Guerra Mundial. Recentemente, o interesse por seus recursos minerais, como terras raras, urânio e ferro, aumentou ainda mais seu valor estratégico e levou a Dinamarca a investir na defesa.
“Precisamos enfrentar o fato de que há desafios sérios em relação à segurança e defesa no Ártico e no Atlântico Norte”, afirmou o ministro da Defesa da Dinamarca, Troels Lund Poulsen. A declaração reflete a preocupação com a crescente tensão na região, que tem atraído interesse global devido à sua importância geopolítica e recursos naturais.

Em janeiro, Trump afirmou que não poderia descartar o uso de força militar ou econômica para adquirir a ilha. A declaração gerou reações fortes, com o primeiro-ministro groenlandês afirmando que “a Groenlândia pertence ao seu povo” e não está à venda. A primeira-ministra dinamarquesa, por sua vez, reforçou que o futuro do território cabe aos groenlandeses decidirem.
“Estamos entrando em uma era de mudanças no cenário de ameaças”, disse Vivian Motzfeldt, ministra de Independência e Assuntos Exteriores da Groenlândia, ao anunciar o novo investimento. “Estou satisfeita que, com este acordo parcial, demos o primeiro passo para fortalecer a segurança na Groenlândia e ao seu redor.”
O anúncio atual complementa um pacote de defesa equivalente a cerca de R$ 8,9 bilhões divulgado em dezembro, que inclui a compra de navios, drones e equipes de trenós puxados por cães. Poulsen classificou o momento do anúncio como uma “ironia do destino”, já que ocorreu pouco depois de Trump declarar que o controle da Groenlândia era uma “necessidade absoluta” para os EUA.
Apesar das críticas de países europeus, Trump manteve sua intenção de adquirir a ilha, destacando sua importância estratégica. Enquanto isso, a Dinamarca e a Groenlândia seguem reforçando sua presença na região, com novos investimentos em defesa e tecnologia.
Espera-se que novas iniciativas e investimentos sejam anunciados ainda no primeiro semestre deste ano, reafirmando o compromisso da Dinamarca com a proteção de seus territórios autônomos em meio a tensões crescentes no Ártico.
Brasão real
Outra medida, esta simbólica, foi a implementação de uma mudança no brasão real dinamarquês para reafirmar a soberania sobre o território. O novo design do emblema, que representa a Casa Real da Dinamarca, agora dá maior destaque à Groenlândia e às Ilhas Faroe, com painéis individuais para cada um dos territórios. Antes, a Groenlândia era representada por um urso polar em tamanho reduzido em um painel compartilhado, sendo que agora o animal tem seu próprio painel.
Segundo comunicado oficial da Casa Real dinamarquesa, destacado pelo jornal The New York Times, a alteração visa fortalecer a presença dos territórios no símbolo.
“A Groenlândia e as Ilhas Faroe ganharam cada uma seu próprio campo, o que fortalece a proeminência do Reino no brasão real”, destacou a Casa Real em nota. O novo brasão foi exibido pela primeira vez durante o banquete de Ano Novo da família real, realizado no Palácio de Amalienborg, em Copenhague.