Eslováquia acusa a Rússia de interferir nas eleições e convoca funcionário da embaixada

Ex-primeiro-ministro Robert Fico, crítico do apoio da Otan à Ucrânia, venceu o pleito e retorna assim ao cargo, uma vitória de Vladimir Putin

O governo da Eslováquia convocou um funcionário da embaixada da Rússia em Brastislava para um protesto diplomático contra o que classificou como interferência de Moscou nas eleições locais, que terminaram com a vitória do candidato pró-Kremlin Robert Fico. As informações são da agência Al Jazeera.

O episódio que gerou indignação no governo eslovaco foi uma manifestação da embaixada às vésperas da eleição parlamentar do último sábado (30). Um membro do corpo diplomático russo contestou a “interferência” dos Estados Unidos na Eslováquia, o que, na visão de Brastislava, ajudou a influenciar os eleitores.

Encontro entre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o então primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, em 2015 (Foto: kremlin.ru)

Fico e seu partido de centro-esquerda, o Smer, conquistaram cerca de 23% dos votos e superaram Michal Simecka, da sigla liberal Eslováquia Progressista, que liderava as pesquisas até as vésperas do pleito e no final alcançou aproximadamente 18% dos votos, sendo assim derrotado.

A plataforma pró-Rússia de Fico, que contesta o apoio da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) à Ucrânia, preocupa Washington e a União Europeia (UE), que enxergam nele um aliado do presidente russo Vladimir Putin e do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, aumentando assim a resistência na Europa às políticas ocidentais.

“O departamento de diplomacia protesta veementemente contra as falsas declarações da inteligência russa que lançam dúvidas sobre a integridade das eleições livres e democráticas na Eslováquia”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores eslovaco. “Consideramos que essa disseminação deliberada de desinformação é uma interferência inaceitável da Federação Russa no processo eleitoral.”

A embaixada russa usou sua conta no Facebook para responder, rejeitando “fortemente as acusações artificialmente construídas de que a Rússia interferiu no processo eleitoral eslovaco.” O texto sugere que foram os EUA que tentaram influenciar os eleitores, citando o bloqueio de perfis de oposicionistas em redes sociais, o financiamento de ONGs locais e empréstimos estatais feitos por Washington.

Caso consiga formar um governo de coalizão, Fico será premiê pela quarta vez. Ele deixou o cargo em 2018 em meio a protestos após o assassinato de um jornalista que investigava a corrupção em seu governo. Para retornar, precisa estabelecer alianças com os diversos partidos eslovacos a fim de evitar um impasse parlamentar.

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