Em meio a tensões crescentes entre a União Europeia (UE) e a Ucrânia, o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, anunciou nesta quinta-feira (9) que seu governo está preparado para adotar medidas políticas e econômicas contra Kiev, caso o país continue a obstruir o trânsito de gás russo para a Europa. A declaração foi feita após uma reunião com Dan Jorgensen, o novo chefe de energia da Comissão Europeia, em Bruxelas. As informações são do site Politico.
A crise se agrava com a proximidade do fim de um acordo histórico que permitiu à gigante estatal russa Gazprom enviar gás para a União Europeia através de oleodutos na Ucrânia. Esse contrato expira no início de 2025, e Kiev tem resistido às pressões da Eslováquia e da Hungria para prorrogá-lo.
Fico foi direto ao abordar o impacto dessa postura. “Não há sanções ou legislação da UE que impeçam a Ucrânia de manter o trânsito de gás. Ignorar esse tema pode intensificar as tensões na União Europeia e nas relações bilaterais.”
Prejuízo bilionário
De acordo com o governo eslovaco, a interrupção do fluxo de gás pode gerar perdas de até 500 milhões de euros em taxas de trânsito, anteriormente arrecadadas ao transportar gás para países como República Tcheca e Hungria. “Para a Eslováquia, um país pequeno, esse valor é significativo, especialmente quando estamos tentando equilibrar as finanças públicas”, destacou Fico.
Apesar disso, a Comissão Europeia informou que o corte do gás russo não resultou em escassez nem em aumentos significativos nos preços, minimizando o impacto imediato na região.
Retaliações em pauta
Fico já havia ameaçado anteriormente reduzir as exportações de eletricidade para a Ucrânia, que enfrenta uma severa crise energética causada pelos bombardeios russos à sua infraestrutura. Além disso, o governo eslovaco cogita restringir o apoio a refugiados ucranianos, como parte de possíveis retaliações.
Em outro front, tanto o partido Smer, liderado por Fico, quanto o governo de Viktor Orbán, na Hungria, têm sinalizado que podem bloquear as negociações de adesão da Ucrânia à UE caso o impasse persista.
A posição de Kiev
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reforçou em dezembro a decisão de Kiev de não permitir que o gás russo continue sendo um meio de financiamento para Moscou. “Não deixaremos a Rússia lucrar bilhões às custas do nosso sangue. Qualquer país que aceite algo barato da Rússia se tornará refém dela”, declarou.
Próximos passos
Para tentar aliviar a crise, a Eslováquia e a Comissão Europeia concordaram em formar um Grupo de Trabalho de Alto Nível, que buscará soluções técnicas e políticas para o problema. Dan Jorgensen afirmou que as discussões continuarão em busca de alternativas que atendam aos interesses de todas as partes envolvidas.