A Gazprom, gigante estatal russa de energia, anunciou na quinta-feira (23) a intenção de reduzir os gastos com investimentos em 20% no próximo ano. A decisão vem na esteira da diminuição dos fluxos de gás para a Europa e uma onerosa carga fiscal, segundo informações do site independente The Moscow Times.
Desde o início da incursão russa na Ucrânia em fevereiro de 2022, as nações europeias têm implementado reduções significativas nas importações de gás proveniente da Rússia. A ação visa enfraquecer a capacidade do Kremlin de financiar a máquina de guerra.
A situação atual levanta questões sobre o futuro do setor de energia da Rússia e sua capacidade de manter a produção em meio a uma crescente pressão internacional. A Gazprom tem sido um fornecedor chave de gás para a Europa, mas a dependência do continente do gás russo tem sido cada vez mais questionada em meio à atual crise ucraniana.
Moscou tem dependido fortemente das receitas da exportação de petróleo e gás para financiar a sua ofensiva na Ucrânia. No ano passado, anunciou aumentos significativos de impostos sobre a indústria para cobrir o seu orçamento.
A Gazprom tem lutado para se adaptar a esta nova realidade. Embora tenha conseguido transferir algumas das suas exportações para a China e a Turquia, a empresa reduziu a sua produção de gás em um quarto no primeiro semestre deste ano.
O programa de investimento da empresa para o próximo ano, destinado a projetos de energia e infraestrutura, será reduzido em aproximadamente 20% em comparação ao ano anterior, totalizando 1,57 trilhão de rublos (cerca de 17,8 bilhões de dólares), conforme anunciado em comunicado. A estatal enfatiza que o plano financeiro aprovado assegurará que a Gazprom cubra seus passivos sem déficit e de forma integral.
A empresa pública pode enfrentar perdas de até 1 trilhão de rublos (11,2 bilhões de dólares) em 2025, alertou o legislador do partido no poder, Pavel Zavalny, no início deste mês. A previsão sombria é atribuída, em parte, ao aumento da carga fiscal.
A Gazprom registrou um lucro de 296 bilhões de rublos no primeiro semestre deste ano, uma fração dos 2,5 trilhões de rublos em lucros obtidos no primeiro semestre de 2022. A queda acentuada nos lucros é um reflexo das crescentes tensões geopolíticas e das mudanças nas dinâmicas do mercado de energia.