Finlândia finalmente será integrada à Otan, confirma o chefe da aliança militar

Bandeira do país escandinavo será hasteada em Bruxelas na terça-feira, após pouco menos de um ano de negociações

A Finlândia será oficializada como a mais nova integrante da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em uma cerimônia agendada para terça-feira (4). O anúncio foi feita nesta segunda (3) pelo secretário-geral da aliança transatlântica, o norueguês Jens Stoltenberg.

“Amanhã daremos as boas-vindas à Finlândia como 31º membro”, disse Stoltenberg, confirmando o que havia antecipado o gabinete da presidência finlandesa. “Será um grande e histórico dia para a Otan e para a Finlândia”, completou o secretário-geral, de acordo com a rede Deutsche Welle (DW).

Para formalizar a adesão, a Turquia, último país a aprovar o ingresso dos finlandeses, vai entregar na terça-feira os documentos necessários a Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, segundo informou a agência Associated Press (AP). Então ocorrerá o hasteamento da bandeira da Finlândia na sede da aliança, em Bruxelas.

A cerimônia terá as presenças do presidente finlandês, Sauli Niinisto, e do ministro da Defesa do país, Antti Kaikkonen. O processo foi concluído justamente no momento em que a primeira-ministra de esquerda Sanna Marin, que sempre defendeu a medida, foi derrotada no final de semana em uma eleição que deu grande impulso aos partidos conservadores finlandeses.

“É um momento histórico para nós. Para a Finlândia, o objetivo mais importante da reunião será enfatizar o apoio da Otan à Ucrânia enquanto a Rússia continua sua agressão ilegal”, disse o ministro das Relações Exteriores, Pekka Haavisto, em comunicado. “Procuramos promover a estabilidade e a segurança em toda a região euro-atlântica”.

Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan: aliança fortalecida durante a guerra (Foto: Otan/Flickr)

Tanto a Suécia quanto a Finlândia anunciaram planos de se juntar à Otan em maio de 2022. Os dois países abandonaram suas políticas de longa data de não alinhamento militar e solicitaram a adesão após as tropas de Vladimir Putin invadirem a Ucrânia em fevereiro.

Porém, o processo não foi simples. A Otan exige aprovação unânime dos membros para admitir novos países. Enquanto 28 dos 30 Estados da aliança ratificaram as mudanças do tratado em seus parlamentos nacionais rapidamente, Turquia e Hungria atrasaram o processo.

Então, nas últimas semanas, enfim, Ancara e Budapeste aprovaram o ingresso de Helsinque, enquanto a candidatura sueca segue pendente do aval dos turcos.

A Turquia exige que a Suécia adote uma postura mais clara sobre o que Ancara considera “terrorismo”, referindo-se à tolerância sueca com indivíduos acusados de serem militantes de milícias curdas.

Estocolmo cedeu parcialmente às exigências ao anunciar, em dezembro de 2022, a extradição de Mahmut Tat, acusado de ligação com o PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos), grupo considerado extremista inclusive pelos EUA e a União Europeia (UE). 

Apesar da lentidão no processo e da hesitação turca, Stoltenberg disse que espera em breve anunciar também o ingresso da Suécia. Desde já, no entanto, ele afirmou que a adesão da Finlândia serve também para deixar a Suécia mais segura.

“O presidente Putin foi à guerra contra a Ucrânia com o objetivo claro de obter menos da Otan”, disse o secretário-geral. “Porém, ele está obtendo exatamente o oposto. Está obtendo mais presença da Otan na parte oriental da aliança e está obtendo dois novos membros com a Finlândia e a Suécia”.

Moscou, por sua vez, disse através do vice-ministro das Relações Exteriores, Alexander Grushko, que vai fortalecer a presença militar em suas regiões oeste e noroeste. Rússia e Finlândia compartilham uma fronteira de cerca de 1,3 mil quilômetros, a maior entre a aliança militar e o território russo.

“No caso de implantação de forças de outros membros da Otan no território da Finlândia, tomaremos medidas adicionais para garantir a segurança militar da Rússia”, afirmou Grushko, segundo a AP.

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