Guerra desencadeada pela Rússia na Ucrânia ‘ameaça a ordem global’, diz Washington

Secretário de Defesa dos EUA destaca a resistência ucraniana e diz que 'a escala do erro de Putin é especialmente gritante hoje'

“A invasão da Rússia e a guerra de agressão não provocada contra a Ucrânia não são hoje apenas um ataque à liberdade ucraniana, mas também uma ameaça à ordem global.” Tal afirmação consta de um comunicado divulgado no sábado (24) pelo Departamento de Defesa dos EUA, para lembrar que o conflito na Europa completou dois anos.

O texto avalia a agressão russa como um grande erro estratégico do presidente Vladimir Putin, que apostava em uma vitória rápida sobre os vizinhos para impor um governo pró-Kremlin. O que se viu, no entanto, foi o sucesso da resistência ucraniana para não entregar Kiev, defendendo-se com a ajuda das armas fornecidas pelo Ocidente.

“A escala do erro de Putin é especialmente gritante hoje”, disse o secretário de Defesa Lloyd Austin. “As forças do Kremlin não conseguiram vencer a Batalha de Kiev, não conseguiram derrubar o governo democraticamente eleito da Ucrânia e não conseguiram esmagar a vontade do povo ucraniano.”

Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin: guerra da Ucrânia é um erro de Putin (Foto: WikiCommons)

A manifestação de Washington surge no momento em que seu apoio a Kiev enfrenta uma barreira política. Os oposicionistas do Partido Republicano hesitam em aprovar um pacote governista de ajuda de US$ 95 bilhões, que teria a maior parte, US$ 61 bilhões, destinada à Ucrânia.

Mesmo com escassez de munição e enfrentando também desafios com o tamanho de seu efetivo militar, a Ucrânia luta para recuperar áreas controladas por Moscou. O mais recente desfecho militar, no entanto, foi favorável à Rússia, que celebrou a conquista da cidade de Avdiivka, na região de Donetsk.

Ainda assim, os EUA enxergam motivos para otimismo. “A Ucrânia retomou mais de metade do território soberano que foi tomado pelas forças do Kremlin em 2022”, disse o Departamento de Defesa. “E, como resultado da guerra não provocada de Putin, a Rússia sofreu centenas de milhares de baixas, perdeu equipamento significativo e atrasou gravemente o seu programa de modernização militar.”

Mais cautelosa foi a manifestação do presidente Joe Biden ao lembrar os dois anos de guerra. Também para colocar pressão sobre os republicanos para que aprovem o pacote bilionário de ajuda, ele destacou os riscos que uma vitória russa representariam para os EUA e seus aliados, sobretudo os europeus.

“Se Putin não pagar o preço da morte e da destruição que causou, ele continuará. E os custos para os Estados Unidos – também para os nossos Aliados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e parceiros na Europa e em todo o mundo – aumentarão”, disse o presidente dos EUA.

Na oportunidade, ela ainda destacou um novo pacote de mais de 500 sanções impostos a indivíduos e entidades russos, acusados não apenas de apoiar a guerra, mas também de envolvimento da morte do oposicionista Alexei Navalny em 16 de fevereiro.

“Estas sanções terão como alvo indivíduos ligados à prisão de Navalny, bem como o setor financeiro, a base industrial de Defesa, as redes de aquisição e de evasão de sanções da Rússia em vários continentes. Eles garantirão que Putin pague um preço ainda mais alto pela sua agressão no exterior e pela repressão interna”, afirmou Biden.

Conforme trabalha internamente para liberar o pacote bilionário de ajuda a Kiev, o governo diz que segue atuando no treinamento de militares ucranianos. Washington diz que capacitou 19 mil soldados, dentro de um universo de mais de 123 mil combatentes submetidos a um processo de formação comandado por parceiros ocidentais.

“O marco sombrio de hoje deve nos estimular a decidir que tipo de futuro queremos para os nossos filhos e netos: um mundo aberto, seguro e próspero, de regras e direitos, ou o mundo violento e sem lei, de agressão e caos, que Putin procura”, disse Austin.

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