Ocidente se movimenta para punir a Rússia pela morte de Alexei Navalny

Alemanha, Lituânia e Suécia lideram o movimento na Europa, enquanto Biden pede o Congresso dos EUA mais unido contra Moscou

A União Europeia (UE) e os EUA buscam maneiras de punir a Rússia pela morte de Alexei Navalny. Como ocorreu após a invasão da Ucrânia pelas tropas de Moscou, considerando a falta de ferramentas jurídicas viáveis, sanções econômicas surgem como a única alternativa, conforme os aliados ocidentais acusam o presidente Vladimir Putin de estar por trás do que seria o assassinato de seu mais proeminente opositor.

Na Europa, Alemanha, Lituânia e Suécia lideram o movimento por uma ação da UE, segundo a agência Reuters. A questão foi debatida na reunião dos chefes diplomáticos das 27 nações que integram o bloco.

“A UE deve adotar medidas contra a opressão política na Rússia. Isto é particularmente importante tendo em conta o fato de que, em 16 de fevereiro, Alexei Navalny morreu no cativeiro russo”, disse o ministro sueco das Relações Exteriores, Tobias Billström, que inclusive convocou o embaixador russo no país para dar explicações sobre a morte. 

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, março de 2022 (Foto: WikiCommons)

Por enquanto, não está claro quais sanções serão impostas ou quem serão os alvos. Uma opção ventilada é atingir os agentes carcerários da colônia prisional IK-3, no Ártico russo, onde Navalny cumpria pena de mais de 30 anos e morreu na última sexta-feira (16).

O próprio governo sueco deu a entender que este é o foco. “Um regime de sanções deste tipo proporcionaria oportunidades adicionais para tomar medidas contra representantes e funcionários do governo russo envolvidos em violações dos direitos humanos”, disse Estocolmo em comunicado. 

Sem citar quais propostas foram debatidas, a Alemanha também se manifestou. “Vimos a força brutal com que o presidente russo reprime os seus próprios cidadãos que saem às ruas para manifestar-se pela liberdade ou escrevem sobre isso nos jornais”, disse a principal diplomata alemã, Annalena Baerbock, de acordo com a rede Deutsche Welle (DW). “Proporemos novas sanções à luz da morte de Alexei Navalny.”

O alcance restrito da medida debatida explica a concordância da Hungria, cujo primeiro-ministro, Viktor Orbán, é visto como um aliado de Putin. Ele travou diversas medidas contrárias ao Kremlin, como sanções mais amplas e pacotes de ajuda econômica a Kiev, mas desta vez não se opôs. Entretanto, a possibilidade de punições mais amplas a Moscou não foi debatida pela UE.

Quem sugeriu sanções duras contra a Rússia pela morte de Navalny foi o presidente norte-americano Joe Biden, que falou sobre isso na segunda-feira (19), na Casa Branca. “Já temos sanções, mas estamos considerando sanções adicionais, sim”, disse ele, segundo a rede CBS News

A questão foi adicionada ao pacote de temas que inflamam a presente disputa política entre democratas e republicanos, e Biden a usou para pressionar os rivais. Atualmente, o presidente enfrenta dificuldades para aprovar um pacote de US$ 95 bilhões destinado a Ucrânia, Israel e Taiwan, conforme os republicanos cobram medidas mais dura para conter a migração proveniente do México.

“A maneira como estão se afastando da ameaça da Rússia. A maneira como estão se afastando da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A maneira como estão se afastando do cumprimento de nossas obrigações”, disse o presidente, referindo-se aos legisladores republicanos, conforme relatou a rede Voice of America (VOA) . “Nunca vi nada parecido”, acrescentou.

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