Uma ofensiva de drones da Ucrânia contra a infraestrutura energética da Rússia provocou forte reação da Hungria, que decidiu interromper temporariamente a importação de petróleo russo após um ataque ao oleoduto Druzhba, em 11 de março. O ministro das Relações Exteriores húngaro, Péter Szijjártó, afirmou que ações como essa representam uma ameaça direta à soberania de seu país. As informações são da revista Newsweek.
O oleoduto Druzhba, que passa por território ucraniano, é uma das principais rotas de abastecimento de petróleo russo à Hungria, país fortemente dependente da energia fornecida por Moscou.
“O problema dos últimos meses tem sido os ataques da Ucrânia ao oleoduto Druzhba e sua infraestrutura conectada, o que causou interrupções no fornecimento de petróleo à Hungria por vários dias”, disse Szijjártó.

As críticas fortalecem a postura do governo pró-Moscou do primeiro-ministro Viktor Orbán, que contrasta com a da maioria dos países da União Europeia (UE) e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), dos quais a Hungria é membro.
“Segurança energética é uma questão de soberania, e consideramos qualquer ataque à nossa infraestrutura energética como um ataque à nossa soberania. Por isso, condenamos todos esses ataques”, declarou o chanceler húngaro.
Szijjártó também apelou diretamente ao governo ucraniano para que cesse os ataques. “Pedimos aos ucranianos que não ataquem a infraestrutura energética da Hungria”, afirmou. Ele destacou ainda que Budapeste busca manter-se fora do conflito: “A Hungria até agora permaneceu à margem [da guerra Rússia-Ucrânia] e quer continuar à margem”.
As declarações surgem no momento em que Ucrânia e Rússia tentam estabelecer uma trégua mútua em relação a instalações energéticas.
Crise no bloco europeu
A Hungria está em choque com a UE desde o início da guerra da Ucrânia. Orbán é um aliado do presidente russo Vladimir Putin e contesta o apoio que o bloco tem dado a Kiev na guerra, razão pela qual usou seu poder de veto para atrasar a entrega de ajuda financeira aos ucranianos e ainda bloqueou um reembolso que deveria ser pago pelo bloco aos membros que forneceram munição à Ucrânia.
Antes dos ataques recentes ao oleoduto, Kiev chegou a paralisar a passagem de petróleo russo por seu território em agosto de 2024. Na ocasião, o fluxo através do Druzhba foi interrompido por decisão do governo ucraniano, e a Hungria destacou o impacto do corte de fornecimento. Na ocasião, Szijjártó afirmou que a situação ameaça a segurança energética de longo prazo do país.