Itália faz duras críticas à Nova Rota da Seda e diz que mal se beneficiou da iniciativa chinesa

Em uma entrevista, ministro italiano fez comentários sobre o pacto de um trilhão de dólares com Beijing, chamando-o de "problemático" e ressaltando que trouxe poucos benefícios ao país

O Ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, expressou críticas à decisão de seu país de aderir à Nova Rota da Seda (BRI, na sigla em inglês, de Belt And Road Initiative), definindo a iniciativa do governo chinês que financia obras de infraestrutura no exterior como “improvisada e problemática”. Atualmente, Roma está considerando uma possível saída diplomática até o final de 2023. As informações são do site Business Insider.

Crosetto, integrante da nova administração de extrema direita que assumiu o poder em 2022, fez tais declarações em uma entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera. Segundo uma reportagem publicada pela agência Reuters no domingo (30), ele observou que o acordo impulsionou significativamente as exportações da China para a Itália, porém, teve pouco impacto nas exportações do território italiano para o chinês.

Principal expoente da política externa do presidente chinês Xi Jinping, a BRI usa bancos e empresas da China para financiar e construir rodovias, usinas de energia, portos, ferrovias, redes 5G e outros projetos em todo o mundo. Assim, serve para espalhar a influência de Beijing.

Guido Crosetto, ministro da Defesa da Itália (Foto: WikiCommons)

A Itália se comprometeu a ingressar na Nova Rota da Seda em 2019, quando tornou-se a maior economia e até o momento e o único país do G7 a assinar a iniciativa, envolvimento que emprestou prestígio diplomático ao acordo. No entanto, desde então, as importações italianas provenientes da China quase dobraram, enquanto as exportações do país europeu para o asiático tiveram um aumento pouco expressivo.

Em 2022, as exportações da Itália para a China atingiram 16,4 bilhões de euros (equivalente a US$ 18 bilhões), em comparação com 13 bilhões de euros em 2019. Por outro lado, as exportações da China para a Itália aumentaram de 31,7 bilhões de euros em 2019 para 57,5 bilhões de euros em 2022, de acordo com informações divulgadas pela Reuters, com base em dados do observatório econômico da Itália.

Giorgia Meloni, a atual primeira-ministra da Itália, não poupou críticas ao acordo antes de sua eleição em 2022. Porém, desde eleita, tem enviado sinais contraditórios.

Em maio, conforme repercutiu o site Politico, ela disse que é possível manter boas relações com Beijing sem o BRI. No entanto, o acordo entre Itália e China está programado para expirar em 2024 e será automaticamente renovado, a menos que um dos países comunique sua intenção de sair antecipadamente.

De acordo com analistas do Eurasia Group, é provável que a Itália se retire do BRI até o final do ano. Os analistas afirmam que a prioridade de Meloni é fortalecer sua posição com Washington e outros aliados, mesmo correndo o risco de enfrentar retaliações.

Artigo assinado por Tom Rogan no jornal The Washington Examiner neste mês disse que se a Itália sair da BRI, os Estados Unidos devem estar prontos para fornecer à Itália novos incentivos econômicos. “Beijing não pode persuadir aliados de longa data dos EUA a se conformarem com sua agenda global. Essa agenda visa a subordinar Washington seus valores democráticos aos caprichos de um PCC globalmente supremo”, diz o texto.

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