Lituânia convoca embaixador e vai fechar consulado na Rússia, dizem agências

Movimentação é mais um capítulo da crise diplomática entre Moscou e as demais nações europeias em virtude da guerra

A Lituânia planeja convocar seu embaixador na Rússia, Eitvydas Bajarunas, para retornar a Vilnius, bem como pretende fechar o consulado do país em São Petesburgo, a segunda maior cidade russa. A informação foi divulgada por agências de notícias russas na quinta-feira (12) e reproduzida pela rede Radio Free Europe.

O retorno de Bajarunas à Lituânia aconteceria no dia 1º de junho, enquanto o fechamento do consulado aconteceria no dia 7 do próximo mês. A decisão teria partido do Ministro das Relações Exteriores lituano, Gabrielius Landsbergis, e sido anunciada inicialmente por uma rádio estatal do país.

Lituânia pretende convocar embaixador e fechar consulado na Rússia, dizem agências
Eitvydas Bajarunas, embaixador da Lituânia na Rússia (Foto: reprodução/Facebook)

A relação diplomática entre Vilnius e Moscou, que já não era boa antes da guerra, piorou bastante desde a invasão da Ucrânia por tropas russas. E se aproximou da ruptura definitiva após os relatos do massacre de Bucha, cidade ucraniana onde dezenas de corpos de civis foram encontrados após a saída do exército russo.

Como resultado da crise diplomática, a Lituânia anunciou em abril a expulsão do embaixador russo em Vilnius. Já o Parlamento lituano aprovou por unanimidade, na terça-feira (10), uma resolução que declara a Rússia um “Estado terrorista” e que classifica as ações de Moscou na Ucrânia como genocídio.

Por que isso importa?

Entre os efeitos da guerra que já podem ser sentidos pela Rússia, além das inúmeras sanções ocidentais, está uma considerável redução de seu corpo diplomático nos países da Europa. Desde a invasão da Ucrânia por tropas de Moscou, no dia 24 de fevereiro, ao menos 400 diplomatas russos foram expulsos de nações europeias, segundo levantamento da revista Foreign Policy feito em abril.

No período analisado, 24 dos 30 países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) já haviam expulsado diplomatas russos. São casos ligados também ao conflito, como represália pela agressão injustificada de Moscou à nação vizinha. Mas que estão igualmente relacionados a denúncias de espionagem, com muitos russos suspeitos de usar o disfarce do serviço diplomático para servir à inteligência de seu país. Quem antes fazia vista grossa para o problema agora o considera intolerável.

Em março, a Bulgária foi uma das primeiras a agir. Sem entrar em maiores detalhes, Sófia justificou a expulsão de dez russos dizendo apenas que “os referidos funcionários da Embaixada da Federação Russa na Bulgária realizaram no território da República da Bulgária atividades incompatíveis com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”.

Frente do prédio da embaixada russa em Berlim (Foto: WikiCommons)

A decisão foi logo acompanhada pelas nações bálticas, que adotaram medida idêntica. Letônia e Estônia anunciaram a expulsão de três diplomatas cada, enquanto a Lituânia expulsou quatro.

“Os ataques militares da Rússia a civis, bens civis, hospitais, escolas, maternidades e bens culturais são crimes de guerra e crimes contra a humanidade”, disse o ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis. “Os serviços especiais russos estão ativamente envolvidos na organização desses crimes contra a população pacífica da Ucrânia, por isso não queremos que os representantes dessas estruturas caminhem em nossas terras e representem uma ameaça à segurança nacional da Lituânia”.

Através de sua conta no Twitter, o ministro das Relações Exteriores da Letônia, Edgars Rinkevics, deu a mesma justifica da Bulgária. “A Letônia expulsa três funcionários da Embaixada da Rússia em conexão com atividades contrárias ao seu status diplomático e levando em consideração a agressão russa em andamento na Ucrânia. A decisão foi coordenada com a Lituânia e a Estônia”.

Uma semana depois foi a vez da Polônia, cuja lista de expulsões tinha 45 pessoas. Na sequência, quatro países da UE expulsaram 43 diplomatas no total. A Holanda puxou a fila, com 17 expulsos por desempenharem “atividades secretas”. A Bélgica, em ação coordenada com o vizinho, expulsou 21. O terceiro país a aderir à ação foi a República Tcheca, com um nome, enquanto a Irlanda anunciou uma lista com quatro indivíduos.

Já em abril foi a vez de a Alemanha expulsar 40 diplomatas russos, enquanto a França anunciou a saída de 25. A ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, disse na ocasião que a decisão de expulsar os diplomatas russos foi uma resposta à “brutalidade inacreditável” do Kremlin na Ucrânia. Paris, por sua vez, alegou que o movimento também estava diretamente relacionado ao massacre em Bucha.

Uma nova leva de países europeus anunciaram a expulsão de integrantes do corpo diplomático russo no mês de abril. Juntos, PortugalEspanhaDinamarcaSuécia e Itália expulsaram mais de 80 indivíduos acusados de usar as funções diplomáticas para acobertar o fato de servirem à inteligência russa.

Ao anunciar a decisão, a Dinamarca sequer referiu-se aos expulsos como diplomatas. “Estamos enviando um sinal claro a Moscou de que não aceitaremos que oficiais de inteligência russos estejam espionando em solo dinamarquês. Eles representam um risco para a nossa segurança nacional que não podemos ignorar”, disse um comunicado assinado pelo ministro das Relações Exteriores, Jeppe Kofod.

Ainda no mês passado, Áustria, Eslovênia, Estônia, Finlândia, Grécia, Macedônia do Norte, Noruega e Romênia fizeram o mesmo movimento de exclusão de cidadãos russos. Fora da Europa, o Japão também agiu e expulsou oito diplomatas russos em abril.

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