Governo da Macedônia do Norte anuncia a expulsão de seis diplomatas russos

Indivíduos "estavam realizando atividades contrárias à Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas", diz o governo macedônio

O governo da Macedônia do Norte, através de seu Ministério das Relações Exteriores, anunciou na última sexta-feira (15) que seis diplomatas russos foram considerados persona no grata e receberam ordens para deixar o país. As informações são da rede Radio Free Europe.

“Esses indivíduos estavam realizando atividades contrárias à Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas e terão que deixar o território da República da Macedônia do Norte nos próximos cinco dias”, disse o Ministério em comunicado.

Bandeira da Macedônia do Norte hasteada em comunidade local em novembro de 2020 (Foto: Portal Ezv.Ro)

A Embaixada da Rússia, por sua vez, afirmou que as alegações são “completamente infundadas” e alertou para “sérias consequências”.

“As autoridades da Macedônia do Norte continuam a seguir o exemplo do Ocidente, que está em uma loucura russofóbica. A responsabilidade total é de Escópia. A reação se seguirá”, disse a embaixada no Twitter.

Após o início da guerra na Ucrânia, esta é a segunda leva de russos expulsos pelo governo macedônio, que no mês passado ordenou que outros cinco diplomatas da Rússia deixassem o país, sob acusação de desempenharem atividades “inapropriadas”.

Antes da guerra, em 2021, dois membros do corpo diplomático russo já haviam sido obrigados a deixar a Macedônia do Norte. Outro diplomata foi expulso em 2019 por “questões de segurança doméstica” e em solidariedade com o Reino Unido pelo envenenamento do espião russo Sergei Skripal, na Inglaterra.

Por que isso importa?

Casos de espionagem associados a cidadãos russos têm se acumulado, levando à expulsão de muitos diplomatas acusados por países europeus de desempenharem atividades de inteligência sob o disfarce do serviço diplomático.

O país mais afetado por esses problemas é a Alemanha, dona da maior população e da principal economia da União Europeia (UE), o que a torna forte influenciadora do bloco, inclusive em assuntos ligados à Rússia.

A relação diplomática entre Moscou e Berlim é ruim desde 2014, quando da anexação da região da Crimeia, na Ucrânia, pela Rússia. Desde então, o bloco europeu proibiu a venda para empresas russas de bens de dupla utilização, aqueles que poderiam também ter uso militar, e os casos de espionagem se acumulam.

O caso que mais contribuiu para estremecer as relações entre Berlim e Moscou ocorreu em 2020. Foi o envenenamento do principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, que aliados dele atribuem ao presidente russo Vladimir Putin. A vítima se recuperou na capital antes de retornar à Rússia, onde está preso desde fevereiro de 2021.

A Ucrânia, agora integralmente invadida por tropas de Moscou, também detectou forte atividade de inteligência russa nos últimos anos. Um relatório divulgado pelo SBU (Serviço de Segurança da Ucrânia, da sigla em inglês), no final de 2021, aponta que mais de 20 oficiais da inteligência russa operavam no país sob cobertura diplomática e foram denunciados desde 2014. O trabalho já levou aos tribunais mais de 180 réus, que foram posteriormente considerados culpados por traição e espionagem.

Até mesmo a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foi alvo dos espiões, tendo anunciado, em outubro do ano passado, a expulsão de oito diplomatas russos. Como consequência, à época, a aliança ainda reduziu pela metade a equipe de Moscou dentro de seu quartel-general.

Em março deste ano, já em meio à guerra, outros países europeus anunciaram a expulsão de supostos diplomatas russos. Primeiro a Bulgária, que determinou a saída do país de dez acusados de desempenharem funções incompatíveis com o status diplomático. Uma semana depois foi a vez da Polônia, cuja lista de expulsões tinha 45 pessoas.

Dias depois, quatro países da União Europeia (UE) expulsaram 43 diplomatas russos no total. A Holanda puxou a fila, com 17 diplomatas expulsos por desempenharem “atividades secretas”. A Bélgica, em ação coordenada com o vizinho, expulsou 21 russos. O terceiro país a aderir à ação foi a República Tcheca, com um nome, enquanto a Irlanda anunciou uma lista com quatro indivíduos.

Já em abril foi a vez de a Alemanha expulsar 40 diplomatas russos, enquanto a França anunciou a saída de 25 indivíduos. A Lituânia, por sua vez, expulsou o embaixador russo em Vilnius e convocou seu principal diplomata em Moscou para retornar ao país. Na sequência, a vizinha Letônia disse estar “reduzindo suas relações diplomáticas com a Federação Russa”, sem dar maiores detalhes.

Uma nova leva de países europeus anunciaram a expulsão de integrantes do corpo diplomático russo neste mês de abril. Juntos, PortugalEspanhaDinamarcaSuécia e Itália expulsaram mais de 80 indivíduos acuados de usar as funções diplomáticas para acobertar o fato de servirem à inteligência russa.

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