Um grupo de 12 países da União Europeia (UE), encabeçado por França e Alemanha, enviou uma carta à Comissão Europeia pedindo medidas urgentes contra interferências estrangeiras nas eleições do bloco. O grupo quer que Bruxelas utilize plenamente os mecanismos do Ato de Serviços Digitais (DSA, na sigla em inglês) para combater a manipulação da informação, especialmente em plataformas online. As informações são da agência Reuters.
Os ministros dos Assuntos Europeus das 12 nações destacaram a gravidade da situação, alertando que “as crescentes ameaças de interferência estrangeira e intervenções disruptivas em debates públicos durante eventos eleitorais-chave representam um desafio direto à nossa estabilidade e soberania”.
A carta também cita incidentes recentes que, segundo os países signatários, exigem uma resposta rápida e coordenada. Diplomatas da UE indicaram que os principais responsáveis pela interferência são Rússia e China, mas outros casos também estão sob investigação.

A Alemanha, que terá eleições antecipadas em 23 de fevereiro, já criou uma força-tarefa para impedir tentativas de influência estrangeira. O governo alemão tem alertado sobre riscos de espionagem e sabotagem promovidos pela Rússia. Na semana passada, Elon Musk, dono da rede social X, compareceu a um evento de campanha do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), reforçando sua proximidade com o grupo pela segunda vez em poucas semanas.
A UE já vem intensificando o escrutínio sobre redes sociais e plataformas digitais. Em dezembro, a Comissão Europeia abriu um processo contra o TikTok, da chinesa ByteDance, por suposta falha em conter tentativas de manipulação eleitoral durante a eleição presidencial da Romênia, em novembro.
A preocupação com interferências externas também cresce em outros países do bloco. Na Polônia, que realizará eleições presidenciais em maio, autoridades já alertaram sobre tentativas da Rússia de recrutar agentes para influenciar o pleito.
O que diz o Ato de Serviços Digitais?
Os 12 países querem que a Comissão Europeia reforce suas ações por meio do DSA, legislação que impõe regras mais rígidas a grandes plataformas digitais, incluindo X, Facebook e TikTok. Pela lei, essas empresas são obrigadas a moderar e remover conteúdos nocivos, como discursos de ódio, racismo e xenofobia. Caso descumpram as normas, podem ser multadas em até 6% de seu faturamento global anual.
O apelo dos ministros reforça o desejo de que a UE estabeleça um órgão dedicado exclusivamente ao combate à manipulação da informação e à interferência estrangeira. O tema tem ganhado peso político à medida que eleições importantes se aproximam, incluindo o pleito europeu, previsto para junho deste ano.
Bruxelas ainda não respondeu oficialmente ao pedido dos 12 países, mas fontes diplomáticas indicam que a pressão por uma resposta concreta está aumentando dentro da Comissão. Com a crescente influência de atores externos no debate político europeu, a questão da segurança digital deve permanecer no centro da agenda do bloco nos próximos meses.