O CEO do TikTok, Shou Zi Chew, foi convocado a prestar esclarecimentos no Parlamento Europeu em meio às denúncias de que a plataforma teria sido usada para manipular as eleições presidenciais da Romênia. A vitória de Calin Georgescu, ultranacionalista e pró-Rússia, no primeiro turno surpreendeu o país e a União Europeia (UE), levantando preocupações sobre desinformação e radicalização. As informações são do site Politico.
“A Romênia é um sinal de alerta: a radicalização e a desinformação podem acontecer em toda a Europa com consequências prejudiciais,” alertou Valérie Hayer, líder do grupo liberal europeu Renovar a Europa, durante uma coletiva de imprensa. Ela também exigiu que o TikTok comprove que sua atuação não infringiu a Lei de Serviços Digitais (DSA), legislação europeia que regula o conteúdo online.
Pesquisadores apontam que milhares de contas falsas foram usadas para impulsionar Georgescu, que, até então, era um candidato pouco conhecido. “Acreditamos que o TikTok foi mal utilizado e foi levado a ser mal utilizado por ele e um exército de contas falsas que foram usadas para seu propósito,” afirmou Bogdan Manolea, diretor da Associação para Tecnologia e Internet.
O primeiro-ministro da Romênia, Marcel Ciolacu, também defendeu uma investigação detalhada sobre o financiamento da campanha no TikTok. “É um sistema, não sei o quão legal é. A fonte de financiamento, na minha opinião, é para ser seguida”, disse o premiê.
Apesar das acusações, não há evidências, até o momento, de envolvimento direto de governos estrangeiros, como a Rússia. No entanto, as críticas ao TikTok se intensificam. “O TikTok deveria ter visto a ‘onda de milhares de contas falsas’ e a empresa deveria ser responsável por isso, conforme a DSA”, acrescentou Manolea.
Em nota, o TikTok negou irregularidades e classificou os relatos como infundados. “Estes relatórios altamente especulativos sobre as eleições romenas são imprecisos e enganosos, uma vez que a maioria dos candidatos estabeleceu uma presença no TikTok e os vencedores fizeram campanha em outras plataformas digitais além da nossa.” afirmou Paolo Ganino, porta-voz da empresa.
A plataforma, pertencente à chinesa ByteDance, informou ter criado um centro de informações eleitorais no aplicativo e firmado parcerias com ONGs locais para combater a desinformação e promover a alfabetização digital.