Mercenários reclamam de intervenção militar russa nas operações do Wagner Group

Organização paramilitar alega estar sendo progressivamente retirada da África e do Oriente Médio, onde marca forte presença

Após a morte de Evgeny Prigozhin, fundador do Wagner Group, os combatentes da empresa militar privada vêm enfrentando desafios significativos. Eles estão perdendo mercado à medida que os militares russos retiram a agora concorrente organização de regiões no continente africano e do Oriente Médio, segundo revelou um áudio vazado. As informações são da revista Newsweek.

Na mensagem de voz, verificada pelo meio de comunicação investigativo russo Important Stories, um representante do Wagner relata que dezenas de milhares de combatentes, incluindo aqueles que foram enviados a Belarus após a tentativa fracassada de motim em 24 de junho, enfrentam obstáculos para continuar suas operações devido à concorrência com o Ministério da Defesa da Rússia e a Guarda Nacional (Rosgvardia ).

Conforme relatado pelo Important Stories, diante da situação atual, o Wagner Group tem recomendado que seus combatentes busquem novas oportunidades de trabalho. Isso ocorre devido à dissolução de suas operações em outros continentes e à impossibilidade de participar do conflito na Ucrânia.

Membros do Wagner treinam tropas belarussas (Foto: WikiCommons)

O representante do Wagner ainda disse que a organização está enfrentando “uma forte competição” por parte do Ministério da Defesa e da Guarda Nacional, os quais também estão buscando ingressar na mesma área com atividades similares às que os mercenários realizavam.

Após o levante mal-sucedido contra o Kremlin há dois meses, os membros do Wagner foram expulsos da Ucrânia. Os mercenários, que haviam assumido o controle na cidade de Rostov-on-Don, no sul do país, marcharam em direção a Moscou, mas retornaram em menos de 24 horas. Aqueles envolvidos no levante foram enviados para a Belarus, alegadamente por um acordo costurado pelo líder belarusso Alexander Lukashenko. A situação colocou em alerta os países vizinhos que são membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), entre eles Polônia e Letônia.

Desde sua criação em 2014, a organização atua como fornecedor de combatentes mercenários e enfrenta acusações de executar operações controversas em nome da Rússia, estendendo-se por locais como Síria, Líbia, República Centro-Africana, Sudão, Moçambique e leste da Ucrânia, com alegações de violações dos direitos humanos por parte de seus membros.

No Mali, na República Centro-Africana, na Líbia e na Síria, o Wagner forneceu segurança aos regimes locais, apoiando juntas militares, senhores da guerra e homens fortes. Mas os líderes de alguns países africanos deixaram claro que seu acordo é com o Estado russo, não com o Wagner em si.

Conforme relatado no áudio pelo representante, Prigozhin resolveu essas questões durante sua última viagem à África. Agora, caberá à liderança do grupo lidar com os desdobramentos. Embora o Wagner tenha a intenção de oferecer oportunidades aos seus combatentes, a cronologia e os detalhes ainda não foram determinados.

“Portanto, é aconselhável aguardar ou explorar outras opções de emprego a curto ou longo prazo. Acompanhar os acontecimentos internacionais é recomendado. Se nossa equipe receber convites e permissões futuras [para operações na Ucrânia], retomaremos nossos esforços ativos no recrutamento e repatriação de nossos membros. Haverá oportunidades de trabalho”, acrescentou o representante do Wagner Group.

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