Naufrágio na costa da Líbia deixa mais de 60 migrantes mortos, confirma a ONU

Segundo sobreviventes, barco partiu com 86 pessoas de Zuwara, cidade costeira a oeste de Trípoli, e afundou no Mediterrâneo Central

Cerca de 61 migrantes, incluindo mulheres e crianças, perderam a vida no sábado (16) em um naufrágio ao largo da costa da Líbia, conforme relato da Organização Internacional para as Migrações (OIM), da ONU (Organização das Nações Unidas). As informações são da rede CNN.

Segundo sobreviventes, o barco, que partiu de Zuwara, cidade costeira a oeste de Trípoli, com aproximadamente 86 pessoas a bordo, afundou no Mediterrâneo Central, “uma das rotas de migração mais perigosas do mundo”, conforme destacou a agência da ONU.

O “elevado número de migrantes” se deve às ondas altas que inundaram o navio após sua partida, conforme informou o escritório da OIM na Líbia em comunicado à AFP, cujo conteúdo foi divulgado pela rede CBS News.

Um barco de refugiados superlotado vira no Mediterrâneo (Foto: Creative Commons)

A Líbia é um ponto de trânsito crucial ao longo da rota do Mediterrâneo Central. Anualmente, dezenas de milhares de pessoas cruzam as fronteiras líbias, buscando escapar de conflitos em busca de uma vida melhor. Mais de 153 mil migrantes chegaram à Itália neste ano provenientes, além da Líbia, da Tunísia, conforme relato da agência de refugiados das Nações Unidas (Acnur).

O lado obscuro da estatística, segundo os últimos dados do Acnur, é que mais de 2,5 mil pessoas morreram ou desapareceram apenas em 2023 no Mediterrâneo Central, com números possivelmente “mais elevados” em outras partes do mundo.

A primeira-ministra da Itália, Georgia Meloni, enfrenta pressão interna devido ao não cumprimento de sua promessa eleitoral de controlar a migração ilegal

Em setembro, o governo italiano aprovou leis de asilo mais rigorosas devido ao aumento das chegadas de migrantes na costa sul do país. As novas medidas permitem a detenção prolongada de migrantes à espera de decisões de asilo, ampliando o período de custódia inicial de três para seis meses, com a possibilidade de extensão para até um ano e meio.

À época Giorgia explicou que esse tempo adicional é necessário não apenas para realizar avaliações adequadas, mas também para “facilitar o repatriamento daqueles que não se qualificam para proteção internacional”. Além disso, o Conselho de Ministros aprovou a criação de mais centros de acolhimento em áreas remotas.

No mês passado, Georgia anunciou que seu governo planeja construir dois centros de acolhimento na Albânia para acomodar migrantes que buscam chegar à costa italiana e acabam resgatados no Mar Mediterrâneo. A receptividade não foi positiva entre grupos de direitos humanos e a Comissão Europeia.

Por que isso importa?

O Mediterrâneo Central é considerado uma das rotas de migração mais perigosas devido à distância, condições climáticas adversas e embarcações precárias.

Migrantes e refugiados, especialmente do norte da África e do Oriente Médio, arriscam a travessia em busca de segurança, estabilidade econômica e melhores oportunidades na Europa. Muitos são originários de países como Síria, Líbia, Eritreia, Somália e Sudão, onde conflitos armados, perseguições políticas, instabilidade econômica e violações dos direitos humanos podem levar as pessoas a buscar refúgio.

Contrabandistas exploram a vulnerabilidade, organizando viagens em condições arriscadas, aumentando os riscos de naufrágios.

A resposta de resgate muitas vezes é limitada, contribuindo para a periculosidade da rota.

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