ONU relata mais de dez mil civis mortos na Ucrânia e prevê um 2024 ‘ainda mais destrutivo’

Dados apresentados ao Conselho de Segurança citam ainda mais de 18 mil pessoas feridas e cerca de dez milhões forçadas a sair de casa

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

Se não forem tomadas medidas urgentes para acabar com a guerra em curso e as suas terríveis consequências humanitárias na Ucrânia, 2024 poderá ser ainda mais imprevisível e destrutivo, alertou um alto funcionário da ONU (Organização das Nações Unidas) na quarta-feira (6).

Ao informar os embaixadores no Conselho de Segurança , Miroslav Jenča, secretário-geral adjunto para a Europa, disse que, tal como no ano anterior, o ano de 2023 foi devastador para o povo ucraniano.

O Gabinete dos Direitos Humanos da ONU (ACNUDH) verificou 10.065 civis mortos e mais 18.679 feridos desde que a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia começou, em fevereiro de 2022. Os números reais, no entanto, podem ser muito mais elevados. Mais de dez milhões foram forçados a fugir das suas casas, incluindo mais de 6,3 milhões que procuraram refúgio fora da Ucrânia.

“Todos os ataques contra civis e infraestruturas civis devem parar imediatamente. São proibidos pelo Direito Internacional Humanitário e são simplesmente inaceitáveis”, sublinhou Jenča.

O alto funcionário político e de consolidação da paz da ONU também alertou que o custo duradouro da guerra devastadora é além da medida.

“Embora possamos tentar contar o número de mortos, feridos e deslocados, o custo total desta guerra devastadora sobre a população civil é incalculável”, disse ele. “Além das vidas perdidas, das famílias dilaceradas e dos ferimentos físicos que mudam vidas, o impacto da guerra na saúde mental de milhões de ucranianos será sentido nas próximas décadas.”

Jenča também destacou o impacto nas crianças, que muitas vezes sofrem os maiores traumas em qualquer conflito, bem como nas mulheres e raparigas que correm maior risco de violência sexual e de género.

Cemitério na cidade de Bucha com vítimas da guerra na Ucrânia (Foto: Diego Ibarra Sánchez/Unicef)
Usinas nucleares em risco  

Jenča observou ainda o risco contínuo para as centrais nucleares da Ucrânia, afirmando que, enquanto a guerra continuar, elas estarão vulneráveis.

Citando relatos de explosões perto das centrais, incluindo a Central Nuclear de Zaporizhzhya, ele sublinhou que “todas as instalações nucleares devem ser capazes de operar com segurança e devem ser protegidas para evitar consequências potencialmente catastróficas”.

O frio do inverno ameaça a sobrevivência

Também informando os 15 membros do Conselho de Segurança, Ramesh Rajasingham, diretor de coordenação do escritório de assuntos humanitários da ONU (Ocha), disse que milhões de civis na Ucrânia, incluindo mulheres e crianças, estão diante da perspectiva de mais um inverno de graves dificuldades.

“Muitas pessoas ficaram sem acesso a aquecimento, eletricidade e água, especialmente no leste e no sul”, disse ele. “Em meio a temperaturas congelantes, estes danos ameaçam particularmente a sobrevivência dos mais vulneráveis, entre eles os idosos e as pessoas com deficiência”, acrescentou.

Esforços humanitários

Informando os embaixadores sobre os esforços humanitários para entregar ajuda em todo o país, Rajasingham disse que, na semana passada, o 100º comboio interagências para 2023 chegou a Chasiv Yar, no Oblast de Donetsk, no leste da Ucrânia.

“Ao longo do ano, estes comboios prestaram assistência crítica a quase 400 mil pessoas em comunidades da linha da frente duramente atingidas em regiões desde Kharkiv até Donetsk, Zaporizhzhya, Dnipro, Kherson e Sumy”, disse ele.

Ele também observou que o Plano de Resposta Humanitária da Ucrânia, no valor de US$ 3,9 bilhões, está subfinanciado em US$ 1,6 bilhões.

Encontre paz

Concluindo o seu briefing, Rajasingham disse que, enquanto a Ucrânia continuar sob ataque e em estado de conflito, as condições que causam a devastação e os efeitos em cascata em todo o mundo persistirão.

“À medida que chegamos ao final de 2023 e entramos em 2024, devemos redobrar os nossos esforços para evitar uma nova escalada na Ucrânia”, apelou.

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